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Agricultura familiar do oeste catarinense corre risco

Região, que receberá Lula pelo Brasil, é uma das principais bacias leiteiras de todo o país. Cooperoeste hoje produz mais de 2 milhões de litros de leite por ano


Agricultura familiar do oeste catarinense corre risco

Antonio Orso, agricultor familior. Foto: Kamilla Ferreira/Agência PT

Da Agência PT de Notícias 

Fruto da reforma agrária e da criação de assentamentos no oeste de Santa Catarina, a Cooperativa Regional de Comercialização do Extremo Oeste (Cooperoeste) é uma das mais importantes indústrias de leite no estado, produzindo mais de 100 milhões de litros ao ano.

Boa parte do sucesso dessa empreitada se deve às políticas de incentivo ao agricultor familiar promovidas nos governos de Lula e Dilma. O ex-presidente irá visitar de perto a produção neste domingo (25), na quarta etapa de Lula pelo Brasil, que percorre os estados do sul do país neste mês de março.

A história que levou à criação da cooperativa começa em 1985, quando cerca de 550 famílias ocuparam uma área de terra que deu origem aos primeiros 14 assentamentos da região. A luta continuou por mais três anos até que todas as famílias estivessem estabelecidas.

Após conquistar a terra, as famílias precisavam se organizar para produzir. Foi feita uma análise das cadeias produtivas da região e chegou-se à conclusão de que a atividade que mais se adaptava às novas propriedades era a produção de leite, pois permitia um consórcio entre o plantio da subsistência e a atividade financeira.

Em 1996, a cooperativa é criada, tornando-se a primeira indústria de leite tipo C e dos produtos Terra Viva do Estado de Santa Catarina. A primeira sede ficava no Assentamento de Barra Bonita e mais tarde foi transferida para o município de São Miguel do Oeste para facilitar o escoamento da produção.

Kamilla Ferreira/Agência PT

Nelson Foss, presidente da Cooperoeste

“A gente tinha presente naquele momento que de nada adiantaria se a gente continuasse produzindo e comercializando no mesmo modelo do qual a gente já havia sido excluído, então a gente precisava avançar, e esse avançar é ter a a produção, a industrialização e buscar também um mercado”, conta o atual presidente da cooperativa, Nelson Foss da Silva

“É claro, ter pensado em fazer uma grande aliança com os pequenos agricultores, que é muito forte na região, e nesse sentido que nasceu a Cooperoeste”, acrescenta Foss.

Além do leite UHT, que corresponde a 75% do faturamento da cooperativa, ela produz cerca de 30 produtos, com as marcas Terra Viva e Amanhecer, entre doces de leite, queijos, bebidas lácteas, achocolatado e creme de leite.

Hoje a Cooperoeste atua em mais de 160 municípios, chegando até o meio oeste, e trabalha com aproximadamente 2.000 agricultores, sendo que cerca de 1.000 são associados da cooperativa. A região se tornou uma das principais bacias leiteiras do país.

Kamilla Ferreira/Agência PT

Setor de embalagens da Cooperoeste

Segundo Nelson Foss, as políticas dos governos Lula e Dilma foram fundamentais para o desenvolvimento da cooperativa, bem como dos cooperados e dos pequenos agricultores. “Inicialmente, no governo Lula houve incentivo para o pagamento dos recursos da linha do Procera (Programa de Crédito Especial para a Reforma Agrária), foram recursos que tomamos para fazer essa indústria, e na época houve desconto de até 90% para pagamento a vista.”

“Após isso, também o financiamento da produção foi fundamental, aonde que os pequenos agricultores tiveram acesso ao crédito do Pronaf Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar) e certamente isso mudou radicalmente a produção em toda a nossa região”, acrescenta.

Um desses agricultores é Antonio José Orso, de 59 anos, que produz leite, peixes e limões em uma pequena propriedade, com ajuda da esposa, da filha e do genro. Ele possui 32 animais na ordenha, produzindo quase 600 litros por dia.

“Na nossa propriedade investimos na produção de leite, aonde a gente construiu a sala de ordenha, todo o benefício que temos para o trabalho com o armazenamento da silagem, fomos beneficiados com o financiamento de irrigação em dois hectares de terra, e também a parte de máquinas”, relata Antonio, explicando como usou o crédito rural.

“A gente financiou um tratorzinho e também teve acesso a habitação rural, conseguimos melhorar a casa e trabalhamos com os programas do PAA (Programa de Aquisição de Alimentos), que o governo tinha na época”, acrescenta.

Antonio afirma que, como boa parte dos produtores da região é de agricultores familiares, os empréstimos viabilizados pelos governos Lula e Dilma foram fundamentais para manter os produtores na agricultura.

“A nossa grande preocupação é a produção de alimentos e a sucessão familiar. Estamos vendo que muitos jovens estão partido para a cidade e nós graças a Deus estamos produzindo aqui, com esses benefícios melhoramos a propriedade e temos condições de um melhor trabalho”, finaliza o produtor.

Kamilla Ferreira/Agência PT

Vaca leiteira na propriedade do agricultor Antonio Orso

Lula pelo Brasil

A viagem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva aos estados do Sul do país, em março, é a quarta etapa de um projeto que deve alcançar todas as regiões do país nos meses seguintes. No segundo semestre de 2017, Lula percorreu todos os estados do nordeste, o norte de Minas Gerais, o Espírito Santo e o Rio de Janeiro.

O projeto Lula Pelo Brasil é uma iniciativa do PT com o objetivo de perscrutar a realidade brasileira, no contexto das grandes transformações pelas quais o país passou nos governos do PT e o deliberado desmonte dos programas e políticas públicas de desenvolvimento e inclusão social, que vem sendo operado pelo governo golpista.

Por Pedro Sibahi, da redação da Agência PT de notícias, enviado especial a Santa Catarina

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