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Brasil tem pouco a comemorar neste dia da África


Brasil tem pouco a comemorar neste dia da África

Debate sobre 130 anos da abolição no Instituto Lula. Foto: Mauro Calove

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O Brasil tem muito pouco a comemorar no Dia da África deste ano. O desmonte pós-golpe atingiu também as relações internacionais. O Brasil volta a se comportar internacionalmente como um país pequeno e desimportante, desprezando as conquistas no campo da diplomacia que alçaram o país a uma posição de destaque mundial durante os governos progressistas.

Pouco após o golpe, uma das primeiras propostas do então ministro de Relações Exteriores, José Serra, foi fechar embaixadas brasileiras na África. Emtre 2003 e 2010, Lula trabalhou pela ampliação das relações Brasil-África e 19 novas embaixadas foram abertas no continente. O historiador Luís Felipe de Alencasto, professor da Sorbonne e da FGV, revela que Serra só não avançou em seu objetivo graças à racionalidade do próprio Itamaraty, que sabia que a medida era ideológica e traria prejuízos ao Brasil.

"Foi o próprio Itamaraty que abafou esse negócio de fechar embaixadas na África. Até porque não faz economia nenhuma, só dá prejuízo [fechar embaixada]. Quando você fecha embaixada, você insulta o país onde você fechou a embaixada e ele fecha a dele aqui também. Você não pode demitir nem o embaixador e nem o ministro logo abaixo dele, porque são funcionários de carreira. Você economiza meia dúzia de funcionários terceirizados, mas você terá de contratar um encarregado de negócios brasileiros trabalhando em alguma outra embaixada, porque em todo lugar do mundo você tem de ter um encarregado quando você não tem embaixada. E você vai passar a pagar pra França, pra Alemanha ou pra Suíça o serviço que essas embaixadas prestarem em socorro ao brasileiro que foi parar lá no aeroporto, que perdeu o passaporte, que precisa sair do país, ficou doente, faleceu... Tem brasileiro pela África inteira. Então isso era uma sinistra burrice e isso foi imediatamente tirado pelo próprio interesse constituído. O próprio Itamaraty vê isso hoje como um trunfo".

Lula, que fez 33 viagens à África como presidente, foi muito além da abertura de emnbaixadas. Ele impulsionou a criação da Cúpula América do Sul-África (ASA); a instalação de um escritório da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) em Gana; da fábrica de antirretrovirais em Moçambique; de uma fazenda-modelo para a produção de algodão no Mali e da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB), com metade das vagas para alunos africanos. 

Poucos dias depois de tomar posse, Lula sancionou a lei que torna obrigatório o ensino da história e da cultura afro-brasileira e africana nas escolas públicas e particulares de ensino médio e fundamental.

O potencial das relações entre o Brasil e o continente africano ainda é imenso. Só durante os governos Lula, o fluxo comercial Brasil-África cresceu 3,6 vezes. Há demanda para ampliação da cooperação em políticas públicas para combate à fome e à pobreza, comércio de serviços e de bens com valor agregados (como máquinas agrícolas e tratores), e investimentos em infraestrutura. O Brasil tem – e pode compartilhar – tecnologia em agricultura tropical, geração de energia, biocombustíveis e experiência em programas sociais.

Instituto Lula e África

Depois de deixar a Presidência, Lula escolheu as relações com o continente africano como um dos eixos de trabalho do Instituto que leva seu nome.

No ano de 2013, em Adis Abeba, na Etiópia, a União Africana, a FAO e o Instituto Lula realizaram o Encontro de Alto Nível com líderes africanos e internacionais sobre as “Novas e integradas abordagens para erradicar a fome na África”, com o objetivo de propor estratégias específicas sobre o tema de segurança alimentar e do desenvolvimento social, e visando apoiar os países africanos a incorporar experiências bem sucedidas no Brasil e em outros países. O encontro ocorreu nos dias 29, 30 de junho e 1 de julho de 2013.

Como resultado desse encontro, que reuniu chefes de estado e de governo, ministros, autoridades, representantes da sociedade civil e parceiros, foi aprovado um roteiro de atividades comuns e adotada uma declaração conjunta firmando o compromisso de lutar pela erradicação da fome na África até 2025.

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