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FSM: em defesa da democracia, porque resistir é criar


FSM: em defesa da democracia, porque resistir é criar

Foto: Sérgio Silva/FPA

Por Fernanda Estima
Da Fundação Perseu Abramo 

O Estádio de Pituaçu, nesta quinta-feira, 15 de março, recebeu um clássico em seu campo. Com grande presença popular e da militância da esquerda, a animação do público era mesmo de uma grande final de campeonato.

Luiz Inácio Lula da Silva, era o jogador mais festejado. Estádio aberto, arquibancadas começaram a encher. O grito de guerra do time é "Lula guerreiro do povo brasileiro", no lugar de camisas de times, camisetas e roupas vermelhas, bandeiras e faixas.

Representando as muitas línguas, o vários povos, estrangeiros fizeram a leitura de manifesto pela democracia e contra o racismo estrutural que mata todos os dias. "A democracia deve valorizar a humanidade de cada um. A única forma que vamos reconhecer a humanidade de cada ser humano é por meio da democracia".

Espaço de resistência e construção da solidariedade
A Assembleia Mundial em Defesa da Democracia foi iniciada com homenagens a vereadora do Rio de Janeiro, "mulher negra que no Rio de Janeiro enfrentou as desigualdades, defendia a juventude negra, a saúde. Homenagem a quem sempre esteve nas batalhas democráticas".

Os indígenas presentes se manifestaram: "o processo de luta e reistência começou há 518 anos. Queremos que o Fórum Social Mundial seja um espaço de luta. Nossas armas já estão preparadas para devolvermos a democracia ao país, para que o golpe seja desfeito. Contem com os povos indígenas para lutar pela democracia".

A representante da Unegro também lembrou Marielle. "Estamos todas feridas e revoltadas com a execução sumária de Marielle. É impossível falar de democracia quando o Estado de exceção representa o projeto genocida das elites". São 40 mil jovens negros mortos, 700 mil pessoas preta e pobres encarceradas.

O tom geral das falas foram no sentido de que a luta neste momento é por democracia, sendo necessária a unidade de todos os movimentos sociais. Do Oiapoque ao Chuí, passando por países de outros continentes, o direito de Lula ser candidato é defendido pelos setores variados dos lutadores por outro mundo possível.

Amacota Celinha, lembrando todas as Marielles que morrem todos os dias, assassinadas pelo racismo, pela intolerância e por um país que não reconhece o direito à prática religiosa, com pais e mães de santo sendo assassinados pelo racismo religioso. Não queremos um Estado que reze, mas que nos permita rezar, assim como aos que não querem rezar o mesmo direito. A mensagem do povo de santo é que vamos às ruas, nossa justiça é de Xangô, não é de Sergio Moro", concluiu.

Manoel Zelaia, ex-presidente de Honduras, também vítima de golpe quando estava no governo, anunciou que é preciso "unir os amigos da América Latina e Caribe. "No Brasil temos um companheiro que caminhou com o povo, viveu com o povo e marcha com o povo. Ele é Luiz Inácio Lula da Silva, que conheci defendendo o povo da América Latina e do mundo inteiro."

A presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffmann, lembrou que "o mundo está olhando para Salvador, para o povo que está aqui e que faz a resistência e acredita que outro mundo é possível. Esta noite é importante para mostrar ao mundo a resistência. Vivemos um dia triste. Sentimos a dor da perda, da violência, da morte de Marielle, que virou um símbolo da luta do povo pobre. Tal qual Marielle, Lula representa o povo pobre e por isso é perseguido. Lula é inocente, e representa a luta pela democracia. Não vamos permitir essa violência. O brasil tem o direito de escolher".

E chega o momento mais esperado e Luiz Inácio Lula da Silva inicia sua fala na Assembleia. "Eles mataram Marielle, mas hoje somos todos um pouquinho Marielle e eles vão entender que a luta dela vamos vencer em um curto espaço de tempo. Além do encontro com vocês, o que me motivou vir aqui, foi a ofensa que fizeram ao companheiro Jacques Wagner, tentando levantar infâmias contra ele como fizeram contra mim. A gente vai defender a nossa honra".

Lula relatou que a primeira vez que foi a Porto Alegre para o FSM tinha acabado de ser eleito presidente da República. "E fui a Davos também e fiz o mesmo discurso para os ricos, dizendo que iria acabar com a fome no Brasil. Aconteceram coisas extraordinárias na Venezuela de Hugo Chavez, na Bolívia de Evo Morales, no Equador, com Rafael Correa, no Chile, com Lagos e Bachelet, Paraguai com Lugo. E não foi pouca coisa o que aconteceu no Brasil, não foi pouca coisa impedir a Alca, não foi pouca coisa criar a Unasul, não foi pouca coisa descobrir o pré-sal. Em doze anos conseguimos colocar mais jovens na universidade do que ele em 500 anos".

"A gente aprendeu a gostar da democracia e vamos recuperar ela. Mas não se preocupem pelo que estou passando, se preocupem com a vida do povo brasileiro. Eles acham que vão resolver colocando o exército no RJ, não vão. A gente coloca educação, saúde, respeito na periferia do nosso país. Não adianta perseguir o Lula, eu sou um ser humano, posso ser atropelado ao sair daqui. Mas se querem me prender para calar minha voz, eu falarei pela voz de vocês. Querem me prender numa cela para eu não possa andar? Eu andarei pelas pernas de vocês. Vocês continuarão a luta", anunciou emocionando a plateia presente.

FSM

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