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Integração latino-americana precisa de visão geopolítica e pensamento econômico próprios, diz fórum


Integração latino-americana precisa de visão geopolítica e pensamento econômico próprios, diz fórum

A América Latina precisa de um pensamento econômico próprio, com uma visão geopolítica unificada e uma estratégia de negociação que inclua tais aspectos econômicos e geopolíticos diante dos desafios globais. Essas foram algumas das conclusões do fórum “O Futuro da Integração Regional”, realizado em 16 de novembro no Uruguai. Centenas de acadêmicos, trabalhadores, empresários, estudantes, funcionários, parlamentares e especialistas em integração debateram o tema em cinco painéis-mesa de trabalho simultâneos.

Os painelistas concordaram com a necessidade de ter um discurso e pensamento econômico próprio na América Latina, de definir uma estratégia com visão geopolítica unificada e uma estratégia de negociação única.

Para o ex-vice-chanceler do Uruguai Roberto Conde, além de examinar as razões para o fracasso da integração regional, é preciso seguir adiante porque “sem integração não há saída”. Porém, de acordo com ele, “não basta ter um discurso contra o domínio global das corporações, é preciso ter um discurso próprio. Não temos um pensamento econômico próprio na América Latina para além da teoria econômica da Cepal”, afirmou.

Ele complementou ressaltando que faz-se necessária uma visão geopolítica suficientemente unificada porque, por exemplo, “o Mercosul tem que discutir como bloco um acordo de associação estratégica com a China. Não podemos permitir que cada um converse com a China como lhe toca e que a China fixe os termos”.

Já o presidente da Fundação Perseu Abramo, Márcio Pochmann, pontuou que “a integração pela qual lutamos é uma integração para além da exigência dos mercados, soberana, que permita ao povo alcançar a condição de soberania e independência frente aos mercados. Para isso é imprescindível a resposta dos governos, a resposta das políticas públicas, que sirvam para marcar um caminho diferente, que permita o pleno emprego aos trabalhadores e condições de vida melhores para todos”.

O evento foi realizado pela Fundação para a Integração Latino-Americana (Fila) a convite da Venezuela, que reclama a presidência pró-tempore do Mercosul, em meio a fortes controvérsias.

A liderança do país caribenho tem sido questionada e os demais três sócios: Paraguai, Brasil e Argentina, que têm divergências ideológicas com o governo venezuelano, se negaram a reconhecer o direito do país governado por Nicolás Maduro à função, que é exercida de forma rotativa. Isso porque os países mencionados consideram que a Venezuela precisa adequar uma série de medidas para integrar o projeto integracionista e ameaçaram, inclusive, suspendê-la do bloco.

Durante os seis meses em que a Venezuela deveria estar à frente do Mercosul, Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai resolveram que os quatro países conduziriam o bloco de forma conjunta, o que é recusado pelo país bolivariano, já que todas as decisões do organismo devem ser tomadas por consenso.

Assista os debates do evento:

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