10/08/2016 17:08
Em agosto de 1966 corpo do sargento Manoel Raimundo Soares foi encontrado boiando às margens do rio Jacuí, em Porto Alegre, com as mãos amarradas e marcas de tortura pelo corpo. O Caso das Mãos Amarradas, como ficou conhecido, chocou a opinião pública e deixou evidente a violência contra presos políticos praticada nos porões da ditadura.
Cinquenta anos depois desta morte brutal, o jornalista e escritor Rafael Guimaraens resgata a trajetória do sargento no livro "O Sargento, o Marechal e o Faquir”. A publicação será lançada nesta quinta (11) na capital gaúcha e traça um perfil do personagem, que era ligado ao ex-governador Leonel Brizola e teve sua prisão decretada logo depois do golpe. Por isso, passou para a clandestinidade.
Nascido de uma família muito pobre de Belém do Pará, Manoel Soares mudou-se para o Rio de Janeiro para servir ao Exército e se tornou um dos líderes do movimento dos sargentos pelas reformas de base, durante o Governo João Goulart, e contra a ditadura implantada em 1964, após sua expulsão do Exército.
Preso em Porto Alegre por dois militares à paisana em março de 1966, foi levado ao Dops e em seguida transferido para a ilha-presídio existente no rio Guaíba. Em 13 de agosto, retornou ao Dops. Foi morto sob tortura quando estava sob responsabilidade do Estado.
As investigações responsabilizaram o DOPS gaúcho pelo crime, mas somente 30 anos depois sua viúva conseguiu responsabilizar a União pela morte de Soares. Pelo menos 379 militantes seriam assassinados por agentes da repressão durante o regime militar.
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