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Vitória da esquerda é vitória da democracia


Vitória da esquerda é vitória da democracia

Noam Chomsky fala no seminário internacional. Foto: Sérgio Silva/FPA

Da Fundação Perseu Abramo

O Brasil deve ser valorizado como exemplo de que a política, e a esquerda, podem superar obstáculos, tendo em vista as experiências recentes de governos capitaneados pelo PT. E isso pode acontecer novamente.

Por outro lado, os principais inimigos da democracia são a desigualdade social e a concentração de renda, e não a corrupção. E o sofrimento causado pela desigualdade explica o tão propalado desencanto com a política.

Essas duas conclusões, em linhas gerais, resumem as falas dos convidados que participaram dos debates da tarde desta sexta-feira no Seminário Internacional “Ameaças à Democracia e a Ordem Multipolar”, realizado pela Fundação Perseu Abramo.

A mesa foi composta por Noam Chomsky, Cuauhtémoc Cárdenas, José Luiz Zapatero, Carlos Ominami, Luiz Carlos Bresser Pereira. A ex-ministra Miriam Belchior foi a mediadora.

Todos destacaram a liderança de Lula e a importância de seus governos para a esquerda de diferentes países. “20 anos atrás tive o privilégio de conhecer Lula. Fiquei muito impressionado e continuo”, disse Chomsky, professor de linguística no MIT. “Há 100 anos, o Brasil foi considerado o colosso do Sul, e esteve próximo de isso acontecer. O Brasil tornou-se o país mais respeitado do mundo sob a liderança de Lula”, completou o autor de, entre outros livros, Quem Manda no Mundo?

O ex-premiê espanhol José Luiz Zapatero foi além. Apostou na vitória da esquerda nas eleições deste ano no Brasil. “Acho que vocês ganharão esta eleição”, afirmou. Ex-governador do distrito federal do México, Cárdenas, por sua vez, disse que a eleição brasileira deste ano é diferente e que a vitória da esquerda “terá repercussões no continente”.

Democracia em risco

Ominami, diretor da Fundación Chile 21, destacou que o neoliberalismo é autoritário, e por isso é contrário à democracia. O ex-senador do Chile fez, assim, coro à filósofa Marilena Chauí, que havia discorrido sobre o tema na mesa da manhã. “O neoliberalismo é a nova forma do autoritarismo. O que caracteriza esse autoritarismo é que ele transforma todas as instituições numa só, torna toda a sociedade homogênea através de um tipo determinado de organização: a imprensa. O indivíduo é feito empresário de si mesmo e é lançado numa competição mortal no interior das organizações”, comentou Marilena. Outra característica autoritária do modelo neoliberal, segundo ela, é transformar direitos humanos em serviços que passam a ser comprados no mercado.

Bresser Pereira, que frisou que Lula “fez um ótimo governo”, atacou os rentistas, que identifica, ao lado dos burocratas financistas, como articuladores do neoliberalismo, chamando-os “ociosos como os nobres franceses antes da Revolução”.

Zapatero reforçou a ideia de incompatibilidade democrática com o neoliberalismo. “Não há democracia quando as desigualdades sociais são insuportáveis”.

Chomsky chamou a atenção para outra faceta parasitária do neoliberalismo: a negação pública do Estado e o usufruto discreto do mesmo. “O lucro dos seis maiores bancos americanos vem quase todo da política de seguro tácito oferecida pelo governo, segundo estudo do FMI”, citou. “A Amazon opera com taxas de eletricidade subsidiada”, completou.

Para assistir novamente a segunda mesa do Seminário Internacional Ameaça à Democracia e à Ordem Multipolar acesse o canal da Fundação Perseu Abramo no Youtube https://youtu.be/wpfUQFyJun8

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