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Em 1985, luta abria caminho para 40 horas semanais


Em 1985, luta abria caminho para 40 horas semanais

Foto: Vera Jursys CSBH

O Centro Sérgio Buarque de Holanda, da Fundação Perseu Abramo, guarda em seu acervo imagens históricas da luta dos trabalhadores e do PT. Em abril de 1985, há 34 anos, a fotógrafa Vera Jursys acompanhou Lula em um dos atos da campanha pela jornada de 40 horas semanais. As fotos tiradas do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André, em 16 de abril de 1985 mostravam os primeiros passos de uma luta que mudaria a vida dos trabalhadores brasileiros e que tinha começado dias antes, na GM.

No dia 11 de abril de 1985, trabalhadores da General Motors de São José dos Campos (SP) iniciavam uma paralisação pela redução da jornada de trabalho e reajuste salarial. Duas semanas depois, 93 operários seriam demitidos por justa. A resposta dos grevistas foi a ocupação total da fábrica durante uma semana inteira, sob o cerco da polícia e ameaças de invasão.

A greve da GM ocorreu num ano em que aconteceram mais de mil greves, representando um aumento de 50% em relação a 1984. Diversas categorias de trabalhadores dos setores público e privado tinham como ponto comum em suas reivindicações a redução da carga horária de trabalho para 40 horas semanais, num tempo em que a jornada podia chegar a 48 horas.

Embora a luta não tenha sido vitoriosa na GM e nas outras empresas do setor automotivo, os trabalhadores acumularam forças e obtiveram outros ganhos pontuais, que variaram de categoria para categoria. Essas vitórias setoriais e parciais abriram caminho para as conquistas trabalhistas que viriam dois anos depois, na Assembleia Constituinte, entre elas a fixação da jornada de trabalho em 44 horas semanais.

No setor privado, a reivindicação da redução de carga horária fez parte da luta contra o desemprego, que chegara a 14% no ano anterior. As greves pela jornada de 40 horas sem redução de salários começaram no setor automobilístico e de autopeças no ABC e em outras cidades do interior paulista – a exemplo da GM.

No segundo semestre, a greve dos bancários mobilizou 700 mil trabalhadores e conseguiu reajustes pela inflação integral, reposição salarial e ganhos de produtividade. Em novembro, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) deflagrou greves em empresas dos setores químico, plástico e metalúrgico de São Paulo, conquistando antecipação trimestral e redução da jornada de trabalho para 45 horas, além de 12% de aumento real.

No setor público, destacou-se a longa greve dos professores e servidores de escolas e universidades públicas, que terminou com a conquista de reajuste pelo INPC pleno e mais 4% de reposição salarial. Houve ainda a greve no setor de saúde e a dos Correios, que terminou com muitas demissões.

A greve da GM durou 28 dias. Cerca de 400 trabalhadores foram demitidos, 33 foram processados criminalmente e outros tiveram seus nomes incluídos numa lista negra enviada ao Serviço Nacional de Informação (SNI) e a outros empregadores. Em 2008, os processados receberam anistia.

Esse texto é fruto do trabalho do Memorial da Democracia, o museu virtual dedicado às lutas democráticas do povo brasileiro e mantido pela Fundação Perseu Abramo e pelo Instituto Lula.

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