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‘O povo vai mais uma vez vencer e conquistar a democracia’

Em missa de um ano da morte de Marisa Letícia, ex-presidente afirma que a luta continua e que a reconquista da democracia é uma questão de tempo


‘O povo vai mais uma vez vencer e conquistar a democracia’

Lula emocionado: Marisa, uma árvore que deixa a marca de sua existência por meio de seus frutos, que são os filhos. Foto: Ricardo Stuckert

Da Rede Brasil Atual  

Foi realizada na noite deste sábado (3) a missa de um ano da morte da ex-primeira dama Marisa Letícia, mulher do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na sede do Sindicado dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, no ABC paulista. Marisa morreu em 3 de fevereiro de 2017, vítima de um acidente vascular cerebral. “Foi nesse sindicato, em 1973, que eu conheci a Marisa, nós nos casamos em 1974, e em 1975 eu assumi a presidência do sindicato”, disse Lula. “Ela participou ativamente da minha vida nesse sindicato.”

“Eu penso que a experiência da morte é mais fácil teorizar do que a gente conviver. Quando é na família dos outros a gente consegue conviver e fazer discurso, mas quando é com a gente é mais difícil. Mas tenho certeza de que se tiver céu, a Marisa está lá”, afirmou, em prantos.

Lula disse que na convivência com Marisa alimentou por anos o desejo de concluir sua atuação política e “voltar” para a casa, e assim cuidar da família. Destacou que na última vez que assumiu a presidência do sindicato, ainda nos anos 1970, já havia feito essa promessa. Mas depois veio a fundação do Partido dos Trabalhadores, em meio ao intenso movimento grevista que marcou aquele período e ele nunca pode cumprir a promessa.

“Quando deixei a presidência (ao término de 2010), eu pensava em cumprir a promessa. Ledo engano, nunca pude cumprir a promessa de voltar para a casa e cuidar da família”. Lula comparou a figura de Marisa, de mãe, a uma árvore que quando morre deixa a marca de sua existência por meio de seus frutos, no caso, seus filhos. “Eu tenho certeza de que ela está olhando por nós e acompanhando tudo o que está acontecendo. Tenho certeza de que ela está nos olhando de algum lugar”.

O ex-presidente lembrou também da figura de sua mãe, e disse que se ela estivesse viva, neste momento, em meio ao embate entre o campo progressista e o golpe que segue neste ano para tirá-lo da disputa da presidência, ela diria: “A luta continua”. O ex-presidente falou ainda do período da presidência, do papel de Marisa enquanto ele exercia seus dois mandatos, e o quanto na época havia afirmações de que ele não conseguiria governar. “Nós vamos conseguir, temos só de trabalhar”, dizia Marisa, conforme lembrou Lula.

O ex-presidente afirmou que na idade atual e com a experiência que acumula não tem mais medo de nada. “Nada para uma pessoa de 70 anos pode causar medo”. O ex-presidente voltou a referir-se à perseguição da Justiça e dos meios de comunicação à sua pré-candidatura, ao Partido dos Trabalhadores e aos movimentos sociais. Disse também que não respeita a decisão do TRF4, que no último dia 24, em julgamento de apelação da defesa, o condenou por unanimidade e aumentos sua pena de 9 anos e seis meses para 12 anos. Lula criticou os representantes da justiça federal que não agem com boa fé, mas como se fossem representantes partidários. “Para os meus advogados eu sempre digo que sou inocente, vou vencer, é uma questão de tempo”. E ainda brincou com a sentença de Moro relativa ao tríplex do Guarujá: “o Moro colocou o apartamento em leilão, sem pedir para mim, pois ele diz que é meu”.

Sobre as eleições deste ano, Lula afirmou que “o povo vai mais uma vez vencer e conquistar a democracia nesse país. Nós sonhamos que era possível fazer um país diferente e nós provamos isso. E também criticou a reforma da Previdência “que quer tirar mais dos pobres para garantir privilégios. Mas se preparem que o pobre vai voltar a governar esse país”.

Homenagens
A cerimônia foi realizada com o auditório do sindicato lotado. Foi acompanhada por autoridades que prestaram solidariedade ao ex-presidente, como o ex-ministro das Relações Exteriores Celso Amorim, o deputado Paulo Teixeira, o governador do Piauí, Wellington Dias, e o senador Lindbergh Farias, que de manhã participou de missa em homenagem a Marisa no Rio de Janeiro e depois se deslocou para São Bernardo do Campo.

Ao chegar no sindicado, Lindbergh Farias (PT-RJ) transmitiu depoimento em sua página no Facebook. “Eu acho que a Dona Marisa foi assassinada, na minha avaliação, porque a gente sabe que ela não aguentou a pressão, a caçada, a perseguição implacável contra o presidente Lula. Naquele dia que fizeram a condução coercitiva do presidente Lula, um ato ilegal, entraram na casa do presidente Lula, reviraram a casa deles. O mais grave é que no mesmo momento entraram na casa dos cinco filhos e isso teve um impacto muito grande, dizem que a Dona Marisa nunca mais foi a mesma depois disso”, afirmou.

“Condenaram Lula sem prova alguma. A posição de Moro e o desembargador é vergonhosa. Hoje é um dia de muita emoção. Essa cerimônia será carregada de simbologia, dona Marisa tem um peso muito grande na vida do presidente Lula”, disse ainda.

Pelas redes sociais, o senador Roberto Requião (MDB-PR) também prestou sua homenagem à mulher do ex-presidente: “Dona Marisa não morreu, ela foi sacrificada. A perseguição implacável contra Lula atingiu o coração de D. Marisa. Ela sucumbiu ao poder da mídia e da justiça. Mas não se provou nada contra Lula ou D. Marisa. O tríplex do Guarujá é uma invenção de prova. E o julgamento do TRF4 foi essencialmente injusto. Dona Marisa não sobreviveu ao sacrifício do marido, perdeu a vida no meio de um processo que é uma infâmia”.

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