A equipe da Iniciativa África recebeu na última quarta-feira, 23 de julho, a visita de Massar Sarr, secretário-geral da Associação Senegalesa São Paulo - Brasil,
Ao apresentar a entidade, criada em 2013, Massar contou que a organização oferece vários tipos de ajuda à comunidade e aos recém-chegados do Senegal, como o apoio na tramitação legal para regularização da permanência, localização de parentes e amigos; apoio na busca de moradia e emprego; e a realização de ações voltadas para o resgate da história da presença africana no Brasil.
Segundo o secretário-geral, atualmente cerca de 3 mil senegaleses vivem no Brasil, 700 deles em São Paulo. Destes, cerca de 200 ainda não estão com permanência regularizada. De acordo com dados do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), o Senegal é um dos países com o maior número de requerentes de asilo nos últimos anos no Brasil. Em 2013, apenas 7 senegaleses conseguiram o status de refugiado e aproximadamente 961 pedidos de refúgio estão sendo analisados pelas autoridades brasileiras.
“Antes, quando se falava de Brasil na África, só lembravam de Pelé ou Ronaldo, Mas, agora, graças ao trabalho do ex-presidente Lula, muitos africanos querem conhecer o Brasil”, afirmou Massar. Esse crescente interesse pelo Brasil é consequência do fortalecimento das relações Brasil-África em todos os níveis, que ocorreu nos últimos anos.
Uma parte destes migrantes vem ao país para estudar ou trabalhar em condições absolutamente legais. Entretanto, bastante preocupado, Massar contou que grupos de "coiotes", os agenciadores ilegais de viagens, originários do próprio Senegal, se aproveitam desta atração crescente exercida pelo Brasil para iludir pessoas que gastam todas as suas economias para fazer travessias das mais perigosas pela Amazônia até o Acre, vindos do Equador, país que tem conexão aérea direta com Dacar, capital do Senegal. Estes atravessadores usam as mesmas rotas que vem sendo usadas nos últimos meses pelos haitianos, colocando para o governo brasileiro um novo e sério desafio a ser resolvido.
Todos se dirigem ao Brasil na esperança de uma vida melhor, uma vez que 47,6% da população do país vive na pobreza e outros 15% em estado de pobreza extrema. É importante ressaltar, no entanto, que o Senegal vive sob um regime democrático e passa por um vigoroso processo de desenvolvimento econômico e social nos últimos anos. O Brasil tem ótimas relações diplomáticas com o país e seu presidente da República, Macky Sall, tem tomado importantes medidas no campo social. O Senegal implanta hoje dois importantes sociais que têm inspiração em programas brasileiros, o Bolsa Família e o Programa de Aquisição de Alimentos.
A história de Massar é um exemplo positivo desse movimento migratório. Após sete anos no Brasil, ele já conquistou a permanência legal no país graças a Lei de Anistia n° 1.664, sancionada pelo ex-presidente Lula em 2009, que permitiu a legalização de todos os estrangeiros que entraram no Brasil até o início daquele ano. Além de ser secretário-geral da associação, Massar trabalha como eletricista em uma empresa local e se engaja na política da cidade de São Paulo como conselheiro da subprefeitura da Sé.
A associação senegalesa em São Paulo enfrenta muitas dificuldades no início de sua trajetória. As reuniões de seus 400 membros são realizadas mensalmente em uma mesquita localizada no centro de São Paulo, dada à ausência de uma sede própria. Além da sede a associação pretende criar uma comissão permanente para cuidar das questões burocráticas, em especial do processo de regularização da população senegalesa no Brasil.
Massar e a comunidade senegalesa também se preocupam com a difusão da cultura de seu país e do continente africano no Brasil. Eles já planejam a comemoração da “Festa Nacional do Senegal” em 2015, que acontece em 4 de abril, o dia da independência do país. Massar convidou o ex-presidente Lula para estar presente, junto a líderes importantes de ambos os países para debater sobre futuros projetos que unam ainda mais Brasil e Senegal.
O Senegal
O Senegal é um país localizado na África Ocidental, que faz fronteira com o Oceano Atlântico, Mauritânia, Mali, Guiné, Guiné Bissau e Gâmbia. A capital do país é Dacar, cidade costeira localizada em frente à Ilha de Gorée, que foi entre os séculos 15 e 16, um dos maiores centros de comércio de escravos do continente africano, a partir de uma feitoria fundada pelos portugueses. Esse entreposto foi, ao longo dos séculos, conquistado e administrado por holandeses, ingleses e franceses.