Ana Flávia Marques e Wellington Damasceno foram convidados para acompanhar a posse de Yamandú Orsi como presidente do Uruguai no último sábado (1º)
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06/03/2025 19:03
Yamandú Orsi, da coalizão de esquerda e centro-esquerda Frente Ampla, venceu no final de novembro. Após a vitória, o presidente eleito do Uruguai visitou o presidente Lula, que também esteve presente na posse de Orsi.
Presidente Lula foi recepcionado pelo presidente uruguaio, Yamandú Orsi, em Montevidéu - Foto: Ricardo Stuckert
Durante a posse, o presidente Lula teve um emocionante encontro com o líder e ex-presidente do Uruguai, Pepe Mujica.
Os diretores do Instituto Lula, Ana Flávia Marques e Wellington Damasceno, foram reforçar as parcerias internacionais do Instituto Lula com frentes progressistas, além de organizar o apoio popular ao governo Lula.
Discurso de transferência de posse de 1º de março de 2025 do Presidente da República Oriental do Uruguai, Prof. Yamandú Orsi
Muito boa tarde, povo uruguaio. Muito boa tarde, visitantes estrangeiros, autoridades e delegações. Muito boa tarde, parlamentares do meu país. Presidentes da República. Muito boa tarde para minha família.
Obviamente, a natureza, o clima, queriam que a festa fosse assim. É um sentimento às vezes contraditório. Um país que precisa de água, de chuva, pedir que nos deixem comemorar um pouco esses 40 anos da nossa democracia é um prazer.
Este país comemora hoje ininterruptamente esses 40 anos de democracia. Portanto, o período mais longo e que nos deixa orgulhosos e alegres, felizes por celebrá-lo desta forma. Mas saibamos também ou lembremos que este ano iniciamos um processo de celebração que durará cerca de cinco anos, celebrando o nascimento do nosso país.
Para quem nos visita, mesmo que já saiba, o Uruguai foi fruto de confrontos e negociações. Também éramos filhos de controvérsias regionais ou de confrontos regionais que fizeram deste território um lugar em disputa permanente.
Os nossos fundadores, os fundadores da nossa nação, do nosso Estado, do nosso país, tiveram que passar por um processo muito complexo de construção de uma identidade, de símbolos. Da criação de um novo Estado nesta América do Sul, que já há alguns anos celebrava a sua independência.
Nós, uruguaios, merecemos, ao longo deste quinquénio, poder celebrar-nos como Estado e poder celebrar aquela construção lenta, dura, pesada e, claro, não isenta de conflitos e confrontos, que nos gerou e deu origem a nós como um país do qual tanto nos orgulhamos.
Portanto, iniciamos um período não só de um novo governo, mas também de convocação de todos os atores da política, da academia, do Uruguai, para valorizar o que tem sido esse processo. Mas também para nos repensarmos num mundo tão imprevisível, numa região que precisa de nós para além das nossas dimensões e escalas.
Nessa lembrança, nesse processo de cinco anos, vamos precisar de muita memória. Poder agradecer e dar a quem nos criou o valor correspondente. Porque não foi fácil.
Chego a este caso muito particular com profunda gratidão. A gratidão é algo que nossos mais velhos, nossos pais, nossa família, nosso ambiente forjaram em nós. E, portanto, tenho a necessidade permanente de agradecer ao povo uruguaio, que nos trouxe até aqui. Agradecer aos que me precederam nos sucessivos governos, aos diferentes presidentes que passaram por este país. Agradecer aos partidos políticos do Uruguai, que souberam lidar e administrar as diferenças, os confrontos, as discussões, sempre cuidando desse frágil cristal que é a nossa democracia, a nossa república.
Como somos gratos e porque foi assim que fomos formados no nosso bairro, na nossa família, claro agradeço à minha esposa, aos meus filhos, à minha irmã, por me acompanharem nesse processo. Agradeço a quem aceitou a tarefa de formar este gabinete, agradeço ao meu partido político. Temos que ser muito gratos novamente pela vida democrática que continuamos a viver.
Além de estar grato, devo admitir que sinto muito orgulho de pertencer a esta sociedade, de pertencer a este país, de ser do interior, dos meus 'Canelones', e uma saudação a todos os cantos do país, a esse interior profundo que, às vezes, parecemos não ter em conta. Temos que visitar nossa terra natal porque ela é maravilhosa.
E a todos aqueles que estão aqui, que saíram do interior e estão morando em Montevidéu ou que vieram hoje comemorar 40 anos conosco. O país é um só, construímos juntos e de forma equilibrada, fazendo com que cada recanto seja protagonista do desenvolvimento. Isso nos dá orgulho, porque há um sentimento de pertencimento que se fortalece cada vez mais pela cultura, pela vida política, pelo conhecimento do que é o nosso país.
Há muito o que fazer. Há muito trabalho, sem dúvida. Mas temos que fazê-lo com a cabeça e o coração sempre voltados para quem mais precisa de nós. Temos um povo nos esperando, que tem muitas expectativas a cada mudança de governo. E é lógico.
Temos um país que tem formas diferentes de pensar e de ver. Na noite das eleições disse e repito agora: não vamos todos pensar o mesmo e sem dúvida há várias partes do nosso país que pensam diferente; Todos nós deveríamos poder nos celebrar neste processo. O país passou por diferentes partidos governamentais, mas sempre cuidando e respeitando a identidade e ideias de cada um.
Um futuro com desafios nos espera. Mas, sem dúvida, se tivermos sempre presente essa sensibilidade que devemos ter para estar aqui, essa sensibilidade que vocês, aqueles que nos precederam, colocaram razão e coração nos destinos do nosso país, não tenham dúvidas de que o futuro será muito afortunado.
Muito obrigado. A celebrar a democracia.