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Nota do Prerrogativas sobre barbárie em Paraisópolis

"Estado que quer excludente de ilicitude para agir contra terrorismo é o que identifica numa festa de jovens o mal a ser sacrificado em praça pública"


Nota do Prerrogativas sobre barbárie em Paraisópolis

O grupo Prerrogativas, que reúne alguns dos principais advogados do Brasil, divulgou nesta segunda-feira uma nota oficial, repudiando "a barbárie em Paraisópolis", referindo-se à morte de nove pessoas que foram pisoteadas, na madrugada de domingo (1º), após ação da Polícia Militar. Matérias publicadas ontem e hoje dão conta de que moradores relatam que policiais já faziam ameaças à comunidade há pelo menos um mês .

Leia abaixo a íntegra da nota do grupo Prerrogativas:

NOTA DO GRUPO PRERROGATIVAS SOBRE A BARBÁRIE EM PARAISÓPOLIS

Nove morreram porque dançavam.  Passos de dança deram lugar a passos que pisam em fuga da violência policial.

A cultura preta e periférica cresce e toma espaço. A cidade é de quem mora nela. A periferia, potência de qualquer metrópole, é vista como território da ausência do Estado – que se apresenta apenas como violência e morte.

Mas a vida na periferia pulsa. Pulsa no seu ritmo. E se o ritmo é o funk, então que seja o funk.

A vida na periferia é protegida pelo Direito à Cidade, à Cultura, ao Lazer, a manifestação e expressão de sua Arte sem qualquer repressão.

Mas o Estado que quer excludente de ilicitude para agir contra terrorismo é o que identifica numa festa de jovens o mal a ser sacrificado em praça pública.

O Estado que quer licença para matar é este que encurrala até a morte adolescentes num baile de rua.

O Estado que pressupõe o criminoso pela cor da pele ou da bandeira, pelo endereço e pelo gingado, é um Estado que precisa conhecer a quem serve e os limites da Lei que o constitui.

Por isso que, diante dessa barbárie promovida pelo agente público, cabe a nós, juristas, a corresponsabilidade de estarmos presentes e de agirmos perante as autoridades, para que o resguardo ao direito e à integridade de todos, não importa onde vivam, seja garantido.

Estamos solidários com as mães, familiares e amigos das vítimas. Mas iremos além do gesto de sentirmos juntos essa dor enorme.

Nós estaremos presentes e atuantes. Em todas as instâncias. Estamos já na rua e estaremos na Câmara de Vereadores. Estamos já no IML e estaremos na Assembleia Legislativa. Nos jornais e no Congresso Nacional. No Judiciário e no próximo baile.

Só queremos que sejam felizes, e andem e bailem tranquilos na favela em que nasceram.

Ninguém estará sozinho diante da opressão.

GRUPO PRERROGATIVAS

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