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Necropolítica: quando o Estado decide quem pode viver

"Não é muito querer viver numa cidade onde você não seja morto só por ser negro", destacou Tamires Sampaio, diretora do Instituto Lula, no Diálogo Intergeracional por Paz e Solidariedade, na África do Sul


Necropolítica: quando o Estado decide quem pode viver

Tamires Sampaio, diretora do Instituto Lula

"Não é muito querer viver numa cidade onde você não seja morto só por ser negro." Tamires Sampaio, diretora do Instituto Lula, esteve no mês passado no Congresso da UCLG (União de Cidades e Governos Locais) em Durban, na África do Sul. Em sua fala, num diálogo intergeracional com prefeitos e jovens lideranças de diversos países, Tamires citou o filósofo camaronês Achille Mbembe e seu conceito de necropolítica. Para Mbembe, necropolítica é o uso do poder social e político para determinar como algumas pessoas devem viver e como outras devem morrer.

Em sua fala, Tamires se apresentou como uma pessoa que jamais estaria ali se não fossem as políticas de ações afirmativas e os investimentos na Educação dos governos Lula e Dilma. Mestra em Direito pela Universidade Mackenzie aos 26 anos, Tamires citou especificametne as ações afirmativas e o Prouni, que possibilitou que ela estudasse em uma universidade de alto padrão durante toda sua formação universitária.

É sintomático que Tamires tenha feito essas afirmações no dia 15 de novembro, logo antes da ação policial que levou à morte de nove jovens que estavam em um baile no bairro de Paraisópolis, em São Paulo. "Estamos aqui discutindo a paz Global. E eu gostei muito de ouvir aqui nesta mesa a ideia de que paz não é apenas a ausência de guerra. A Paz pela qual lutamos é a ausência de desigualdade, de violência, de desemprego".

Tamires, que é a mais jovem diretora que o Instituto Lula já teve, construiu sua carreira acadêmica sobre o tema do genocídio da juventude negra. Ela levou números ao debate. Por exemplo, a cada 23 minutos um jovem negro morre assassinado no Brasil. No Diálogo Intergeracional por Paz e Solidariedade, ela deixa a provocação: "Não é muito querer viver numa cidade onde você não seja morto só por ser negro".

Veja a fala de Tamires Sampaio (em inglês):

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