Na passagem da caravana Lula Pelo Brasil no Ceará, ex-presidente visitou a usina de Biodiesel inaugurada no seu governo e fechada pelo ilegítimo Temer
Usina de Produção de Biodiesel de Quixadá. Foto: Petrobras
30/08/2017 16:08
Oito anos depois da inauguração da Usina de Biodiesel de Quixadá, no Ceará, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou ao local, com a caravana Lula pelo Brasil, nesta quarta-feira (30), mas encontrou a usina de portas fechadas.
O fechamento aconteceu em 2016, após o golpe contra a presidenta eleita Dilma Rousseff e a chegada do ilegítimo Michel Temer à Presidência.
“O governo fechou essa usina por uma única razão: porque quando ele olha para o povo, ele não vê uma pessoa, vê um número. Mas não é para a gente perder a esperança. Nós não vamos sossegar enquanto não reabrir essa usina”, disse Lula.
Localizada no distrito de Juatama, a Usina de Biodiesel de Quixadá foi implantada com o objetivo de envolver da agricultura familiar na cadeia do biodiesel. A Petrobras oferecia sementes e assistência técnica e a produção de óleos era comprada pela usina. Além disso, a unidade também comprava óleo extraído das vísceras de peixes por pescadores e Óleos e Gorduras Residuais (OGR) recolhidos por catadores de recicláveis.
“A nossa ideia e o nosso sonho, quando construímos essa empresa, era fazer a combinação perfeita entre agricultura familiar e o trabalhador da cidade, para que essa usina pudesse produzir energia renovável”, lembrou o ex-presidente, que inaugurou a usina em 2008.
Aproximadamente nove mil agricultores familiares faziam parte do programa da Petrobras de suprimento agrícola e produziam oleaginosas numa área total superior a 19 mil hectares em seis estados do semiárido brasileiro.
Douglas Uchoa, ex-trabalhador da Usina e diretor do Sindipetro, conta que a usina foi fechada em novembro de 2016, quando o governo golpista de Temer alegou que a unidade não gerava lucro. “No entanto, antes de fechar, o governo do Ceará (de Camilo Santana – PT) havia se comprometido a reduzir o ICMS em 90%. Isso permitiria o lucro”, explicou.
O petroleiro ainda lembra que a usina de Candeias, na Bahia, é isenta de ICMS e continua operando. Para ele, a usina de Quixadá foi vítima da política de fechamento da atual gestão golpista que quer desmantelar todo o parque de refino da Petrobras.
“Quer desmantelar para que seja apenas uma empresa de exportação de petróleo cru. Não somente houve o fechamento da usina de biodiesel, mas também as refinarias estão operando abaixo da sua capacidade máxima, com apenas 70% favorecendo a importação de combustíveis”, denunciou.
“Isso é um grande prejuízo para a nação, para a Petrobras e para o Brasil”, finalizou.
Além de Douglas, outros diversos ex-trabalhadores da usina estiveram no ato, nesta quarta-feira (30), com o ex-presidente Lula, em uma parada da caravana antes de seguir para Juazeiro do Norte.
Eles contaram como a vida piorou, na região, após o fechamento da unidade de biodiesel de Quixadá. É o caso de Gleiciana Moraes, ex-recepcionista do local.
“Sou de família humilde, minha casa era de taipa, não tinha banheiro e água. Com a chegada da usina, hoje nós temos água, eu sou comerciante. mas meus colegas estão desempregados. Tivemos que sair por causa do golpe desse golpista do Temer”.
Emocionada, Gleiciana lembrou quando Lula esteve na inauguração da usina, em 2006. “Um dos melhores momentos da minha vida foi abraçar Lula na inauguração dessa usina. Aqui eu vi tirar o mato, eu cozinhei para os trabalhadores, hoje é motivo de glória Lula voltar aqui e nos dar ao menos esperança”.
Antônio Mariano foi outra pessoa prejudicada com o fechamento da usina, onde trabalhou por mais de oito anos. “Trabalhei aqui desde a terraplanagem, trabalhei oito anos. Aí veio Temer e acabou com tudo. Lula foi quem trouxe emprego para nós nessa usina. Eu fui demitido porque a usina fechou, mas para mim foi uma honra fazer parte disso”.
Para em Bonabuiú, no Ceará
Antes de chegar em Juazeiro do Norte, Lula fez mais uma parada fora do roteiro no meio da estrada, desta vez na cidade de Banabuiú (CE).
Lá, o ex-presidente falou rapidamente com a população, que fechou a estrada para receber um abraço do maior líder popular do Brasil.
“Quando eu estava na Presidência, provei que o Nordeste pode ser desenvolver como qualquer outra região o País. Acontece que o Nordeste ficou segregado, inclusive pela própria elite política da região, que era conhecida pela seca, pelo analfabetismo, pela mortalidade infantil, pela pobreza dos agricultores. Mas nós resolvemos provar que quando um nordestino tem uma chance, é igual ou melhor a qualquer”
“Minha geração não acreditava que o filho de um agricultor pudesse ser engenheiro agrônomo, que o filho de uma empregada seria médico. Hoje a gente provou que é possível melhorar a vida de todos, do povo mais pobre. Eu não faço por mim, que já tenho 71 anos, me preocupo com o futuro dessa criança que estava no meu colo. Por isso eu peço: não deixem de sonhar e podem acreditar que, esteja onde estiver, esse nordestino aqui vai continuar defendendo vocês” , completou o ex-presidente.
Por Mariana Zoccoli, enviada especial ao Nordeste com a caravana Lula pelo Brasil, para a Agência PT de Notícias