Estudo de Raissa Biriba, premiado em edital do Instituto Lula, considera a influência da era digital tanto no surgimento quanto na organização política desses movimentos
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19/08/2022 18:08
Como os movimentos identitários contribuem para se repensar as estratégias de combate à desigualdade e à pobreza no Brasil. Esse é cerne do artigo da doutoranda em Dança Raissa Conrado Biriba, da Universidade Federal da Bahia (UFBA), um dos vencedores de edital do IL , que resultou em 18 webinários frutos do Ciclo de Estudos e Pesquisas do IL. O estudo, apresentado pelo canal do Instituto Lula na noite da sexta-feira (19), teve comentários da especialista em artes cênicas Maria Lurdes Paixão, também da UFBA.
A temática do artigo considera a influência da era digital tanto no surgimento quanto na organização política desses movimentos, potencializando e dando voz a eles.
Raissa destaca que, por muito tempo, a desigualdade foi discutida pelo viés socioeconômico. “Esses movimentos nos ajudaram a repensar essa problemática quando se começa a articular os conceitos de raça, classe e gênero, a interseccionalidade desses fatores como marcadores das desigualdades sociais”, explica a pesquisadora. “E consequentemente para a tradução das condições de pobreza, violência e discriminações que acometem majoritariamente a população afrodescendente e indígena mas também esses grupos identitários”, diz, ressaltando o sofrimento de mulheres, negras, lésbicas, transexuais em pleno século 21.
“Nesse sentido, a gente considera que as identidades sociais ou socioculturais, têm proporcionado um caminho para pensar as desigualdades sociais no Brasil na luta desses movimentos”, afirma. Assim, quando discutem o racismo, as identidades negras, indígenas, LGBTQIA+, das pessoas com deficiência, essas temáticas têm contribuído para olharmos para esses cenários de desigualdade de outra forma, que não só a socioeconômica.
Era digital
Em seu artigo, Raissa cita estudos que consideram o contexto da era digital marcado pela discussão da globalização e mundialização que simboliza a expansão de um mercado cultural mundial. “Um momento de crise do capitalismo que passa a ultrapassar fronteiras territoriais a partir da busca por novos consumidores em outras partes do mundo. E a partir desse capital cultural que surge dessas identidades.”
Com a evolução das redes sociais, o espaço virtual passa a fazer parte da vida dessas pessoas, de construção da imagem. E cada vez mais atrelados à necessidade desses produtos culturais criados a partir desses produtos identitários. Dessa forma, avalia ela, o espaço virtual potencializa um mercado que interessa às grandes corporações e isso vai incidir no aumento da desigualdade social, da pobreza, da violência.
Raissa traça, no artigo, a trajetória dos movimentos identitários na história e a importância do reconhecimento desses movimentos. E apresenta, ainda, ativistas, pessoas que fizeram e fazem parte da luta desses grupos, comentando sobre as estratégias deles de combate à desigualdade e à pobreza. Acompanhe: