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COP 28: Lula afirma que o país vai liderar transição energética

O presidente falou sobre a gravidade da situação em que o meio ambiente se encontra e cobrou dos países desenvolvidos que invistam no enfrentamento às mudanças climáticas e reduzam a emissão de gases causadores do efeito estufa


COP 28: Lula afirma que o país vai liderar transição energética

Presidente Lula discursa na sessão de abertura da COP 28, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, nesta sexta-feira (1). Foto: Ricardo Stuckert 

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, discursou na sessão de abertura da COP 28, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, nesta sexta-feira (1º/12), reforçando que conter os efeitos da crise climática deve ser um compromisso de todos e que o Brasil vai liderar a transição energética.


Lula reforçou a importância de aliar o enfrentamento a desigualdades às mudanças climáticas, já que os mais pobres são os mais afetados quando enchentes ou secas severas acontecem, perdendo suas moradias, pertences e fontes de renda.


A 28ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2023 (COP28) ou Conferência das Partes da UNFCCC acontece até o dia 12 de dezembro. O evento reúne lideranças mundiais para traçar estratégias contra as alterações climáticas.



Leia a íntegra do discurso: 


Uma mulher africana, a queniana Wangari Maathai, vencedora do prêmio Nobel da Paz, sintetizou bem o dilema da humanidade em sua relação com a natureza. 


Disse ela: “A geração que destrói o meio ambiente não é a geração que paga o preço”. 


O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas alertou que temos somente até o final desta década para evitar que a temperatura global ultrapasse um grau e meio acima dos níveis pré-industriais.


2023 já é o ano mais quente dos últimos 125 mil anos.


A humanidade sofre com secas, enchentes e ondas de calor cada vez mais extremas e frequentes.


No Norte do Brasil, a Amazônia amarga uma das mais trágicas secas de sua história. No Sul, tempestades e ciclones deixam um rastro inédito de destruição e morte. 


A ciência e a realidade nos mostram que desta vez a conta chegou antes. 


O planeta já não espera para cobrar da próxima geração. 


O planeta está farto de acordos climáticos não cumpridos. 


De metas de redução de emissão de carbono negligenciadas. 


Do auxílio financeiro aos países pobres que não chega. 


De discursos eloquentes e vazios.


Precisamos de atitudes concretas.


Quantos líderes mundiais estão de fato comprometidos em salvar o planeta? 


Somente no ano passado, o mundo gastou mais de US$ 2 trilhões e 224 milhões de dólares em armas. Quantia que poderia ser investida no combate à fome e no enfrentamento da mudança climática. 


Quantas toneladas de carbono são emitidas pelos mísseis que cruzam o céu e desabam sobre civis inocentes, sobretudo criançaz e mulheres famintas? 


A conta da mudança climática não é a mesma para todos. E chegou primeiro para as populações mais pobres.


O 1% mais rico do planeta emite o mesmo volume de carbono que 66% da população mundial. 


Trabalhadores do campo, que têm suas lavouras de subsistência devastadas pela seca, e já não podem alimentar suas famílias.


Moradores das periferias das grandes cidades, que perdem o pouco que têm quando a enchente arrasta tudo: casas, móveis, animais de estimação e seus próprios filhos. 


A injustiça que penaliza as gerações mais jovens é apenas uma das faces das desigualdades que nos afligem.


O mundo naturalizou disparidades inaceitáveis de renda, gênero e raça.  


Não é possível enfrentar a mudança do clima sem combater as desigualdades.


Quem passa fome tem sua existência aprisionada na dor do presente. R torna-se incapaz de pensar no amanhã. 


Reduzir vulnerabilidades socioeconômicas significa construir resiliência frente a eventos extremos. 


Significa também ter condições de redirecionar esforços para a luta contra o aquecimento global.


Em 2009, quando participei da COP15, em Copenhague, a arquitetura da Convenção do Clima estava à beira do colapso. 


As negociações fracassaram e foi preciso um grande esforço para recuperar a confiança e chegar ao Acordo de Paris, em 2015.


Ao retornar à presidência do Brasil, constato que estamos, hoje, em situação semelhante. 


O não cumprimento dos compromissos assumidos corrói a credibilidade do regime. 


É preciso resgatar a crença no multilateralismo.


É inexplicável que a ONU, apesar de seus esforços, se mostre incapaz de manter a paz, simplesmente porque alguns dos seus membros lucram com a guerra. 


É lamentável que acordos como o Protocolo de Kyoto (1997) ou os Acordos de Paris (2015) não sejam implementados. 


Governantes não podem se eximir de suas responsabilidades.


Nenhum país resolverá seus problemas sozinho. Estamos todos obrigados a atuar juntos além de nossas fronteiras. 


O Brasil está disposto a liderar pelo exemplo.


Ajustamos nossas metas climáticas, que são hoje mais ambiciosas do que as de muitos países desenvolvidos.


Reduzimos drasticamente o desmatamento na Amazônia e vamos zerá-lo até 2030.


Formulamos um plano de transformação ecológica, para promover a industrialização verde, a agricultura de baixo carbono e a bioeconomia.  


Forjamos uma visão comum com os países amazônicos e criamos pontes com outros países detentores de florestas tropicais.


O mundo já está convencido do potencial das energias renováveis.  


É hora de enfrentar o debate sobre o ritmo lento da descarbonização do planeta e trabalhar por uma economia menos dependente de combustíveis fósseis.


Temos de fazê-lo de forma urgente e justa.   


Vamos trabalhar de forma construtiva, com todos os países, para pavimentar o caminho entre esta COP 28 e a COP30, que sediaremos no coração da Amazônia.  


Não existem dois planetas Terra. Somos uma única espécie, chamada Humanidade. 


Todos almejamos tornar o mundo capaz de acolher com dignidade a totalidade de seus habitantes – e não apenas uma minoria privilegiada.


Como nos convida o Papa Francisco na Encíclica “Todos Irmãos”, precisamos conviver na fraternidade. 


Muito obrigado.




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