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19/03/2015 13:03
Começou nesta quarta-feira (18), em Abidjan, capital da Costa do Marfim, a “Conferência Internacional sobre a Emergência da África”. Aberta pelo presidente do país, Alassane Ouattara, a Conferência é uma iniciativa do Ministério do Planejamento e do Desenvolvimento da Costa do Marfim, do PNUD, da União Africana e do Banco Mundial.
O evento pretende discutir os desafios do continente, que quer ser visto como “emergente”. Foi assim que se manifestou o presidente do Senegal, Macky Sall, ao fazer sua exposição. Ele disse que, depois de mais de 10 anos de crescimento interrupto, o continente não que ser mais avaliado como uma promessa para o futuro, mas sim como “um parceiro para o presente”.
Foi este o tom de quase todos os oradores que participaram das plenárias e dos grupos de trabalho do primeiro dia da Conferência. Presentes na plenária, mais de mil pessoas, entre ministros, autoridades de organismos multilaterais, técnicos e representantes de movimentos sociais de mais de 40 países.
Além dos presidentes da Costa do Marfim e do Senegal, falaram no primeiro dia o ex-presidente da África do Sul, Thabo Mbeki; o vice-presidente do Banco Mundial, Makthar Diop; a administradora geral do PNUD, Helen Clark; o vice-ministro de Negócios Estrangeiros da China, Zhang Ming; o vice-presidente do Banco Africano de Desenvolvimento, Steve Kaylzzi-Mugerwa e dirigentes da União Africana, da OCDE e ministros de diversos países africanos.
Nas plenárias, os desafios para erradicar a pobreza do continente tomaram conta de boa parte dos debates. Nas palavras da principal dirigente do PNUD, Helen Clark, “está claro que o crescimento por si só não basta, é preciso reduzir a desigualdade”, ao lembrar que dos dez países que mais crescem no mundo, sete são africanos, entre eles a Costa do Marfim e o Senegal.
O anfitrião do evento, o presidente marfinense Ouattara fez um discurso bastante otimista e salientou que um país só pode se tornar emergente “se houver planejamento, se houver paz, democracia, coesão social e diálogo. O futuro se planeja”, ele disse.
Em perfeita sintonia com o presidente do Senegal, Ouattara destacou sua forte relação com Macky Sall e lembrou que ambos estavam bastante engajados na luta pelo crescimento inclusivo e no enfrentamento das desigualdades sociais.
Tema também muito debatido neste dia foi a segurança e o avanço do terrorismo islâmico. Era unânime a ideia que a paz é fundamento indispensável para o desenvolvimento. O representante da União Africana em um dos grupos de trabalho, Abdel Nassir Ethmane, foi um dos mais enfáticos ao afirmar: “não dá para ser emergente se não houver segurança” e ao chamar atenção de todos os presentes ao dizer: “o terror cresce na surdina em todos os países africanos e é questão de tempo para que ele se manifeste e surpreenda muitos governantes”. Paradoxalmente, chegava na mesma tarde a notícia do terrível atentado que matou 17 turistas na Tunísia, neste dia 18.
A Conferência prosseguirá até o dia 20 e pode ser acompanhada pelo site oficial do evento: http://www.africa-emergence.com/index2.php
A programação completa está em http://www.africa-emergence.com/fichier/doc/agendafr17mars.pdf
O Instituto Lula está representado no evento por seu diretor para a África, Celso Marcondes. Ele falará na manhã desta quinta-feira (19) na plenária sobre a “Experiência do Brasil em matéria de transformação estrutural”.
Na plenária da tarde, o Brasil estará representado por Sergei Soares, presidente do IPEA, que falara sobre “O sucesso do Brasil no desenvolvimento humano”.