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Bolsonaro entrega tudo e volta com promessa ilusória


Bolsonaro entrega tudo e volta com promessa ilusória

Bolsonaro presta continência a telão com bandeira dos Estados Unidos. Imagem: Divulgação

Entrada do Brasil na Otan não depende apenas de conversas de Trump

O encontro entre os presidentes dos Estados Unidos e do Brasil, nesta terça-feira (20), durou cerca de 20 minutos e rendeu diversas vantagens aos EUA e algumas americanas ao Brasil. Mas pelo menos uma dessas promessas não deve ser vista com seriedade, como apontou o jornalista Rick Noack, do The Washington Post. A entrada do Brasil na Otan é vedada no documento de fundação do tratado. 

Durante a coletiva de imprensa após o encontro com Jair Bolsonaro, o presidente americano Donald Trump sugeriu que poderia apoiar a entrada do Brasil na Otan (Organização do Tratado dos Países do Atlântico Norte). "Eu também quero apontar o Brasil como um 'aliado importante extra-Otan', ou até mesmo quem sabe — se você começar a pensar no assunto — talvez um aliado dentro da Otan. Eu tenho que conversar com muitas pessoas, mas talvez um aliado na Otan".

Em primeiro lugar, Trump acena para Bolsonaro com algo que ele próprio, enquanto presidente dos EUA, criticou duramente. Durante o encontro do G7 no Canadá, no ano passado, Trump disse que estar na Otan gerava gastos demais para seu país e que o acordo "era tão ruim quanto o Nafta", aliança que Trump chamou de "o pior acordo comercial de todos os tempos".

Mas além da opinião pessoal de Trump sobre a Otan, o presidente americano fez uma promessa que revela uma possível falta de compromisso no conjunto de acenos que o presidente americano fez ao Brasil. 

Como revelou mais cedo Rick Noack, jornalista do The Washington Post especialista em exteriores e Europa, essa promessa não depende apenas de conversa : "Otan significa Organização do Tratado dos Países do Atlântico Norte e é uma aliança da Europa com a América do Norte e que é, em muitos sentidos, feita sob medida para duas regiões. Para incluir o Brasil, Trump não precisaria simplesmente 'conversar com muitas pessoas', mas ele teria também de conseguir que todos os membros da Otan mudassem o artigo nº 10 do tratado de fundação do pacto, que é de 1949, e que diz que somente países europeus podem fazer parte, além de Canadá e Estados Unidos", escreveu.

O especialista pondera que já houve no passado tentativas de mudar esse artigo, mas nem mesmo a alteração garantiria caminho aberto para o Brasil. Uma vez mudado o artigo, todos os membros teriam de aprovar o novo membro. Para o jornalista do The Washington Post, "Nações como França e Alemanha provavelmente se oporiam a receber um presidente de ultra-direita que é acusado de atacar instituições democráticas e cujas políticas podem violar as regras de acesso da Otan".

Sem surpresa, um dia depois da fala de Trump, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Alemanha, Maria Adebahr, se pronunciou dizendo que a Otan está reservada para países europeus .



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