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Libéria e Quênia visitam o Brasil para discutir nutrição


Libéria e Quênia visitam o Brasil para discutir nutrição

Delegações da Libéria e do Quênia se reúnem com secretário de Saúde do Rio Grande do Sul, Francisco Paes. Foto: WFP/Ana Cláudia Costa

Do Centro de Excelência contra a Fome da ONU 

De 24 a 31 de outubro, o Centro de Excelência está conduzindo uma visita de estudos com foco em nutrição para delegações da Libéria e do Quênia. O grupo, composto por nove representantes dos ministérios da Saúde e Agricultura, sociedade civil es escritórios do PMA dos dois países, está realizando visitas de campo para entender como o Brasil implementou suas políticas multi-setoriais de nutrição.

As visitas de campo começaram na manhã de segunda-feira, dia 2, em Porto Alegre. As delegações foram recebidas pelo secretário de Saúde do Rio Grande do Sul, Francisco Paes, que destacou a importância de os governos fortalecerem as intervenções para promover a nutrição. “Esperamos que essa visita de campo possa contribuir para os esforços de seus países para melhorar o status nutricional de seus povos”, disse Paes.

Alimentação escolar e nutrição
As delegações visitaram duas escolas para ver em primeira mão o programa brasileiro de alimentação escolar e conversar com nutricionistas, equipes das escolas e crianças. A primeira parada foi num centro de educação infantil que atende 106 crianças de 1 a 5 anos em Porto Alegre. Patrícia Freitas, diretora do Escola Municipal de Educação Infantil Humaitá, deu as boas-vindas ao grupo e apresentou uma série de iniciativas desenvolvidas no centro para promover a nutrição infantil e a segurança alimentar.

Na escola, as crianças fazem quatro refeições por dia. Para entender como os alimentos são preparados, membros das delegações foram convidados e visitar a cozinha e, em seguida, a hora escolar, onde professores e alunos cultivam frutas e vegetais que são usadas como ingredientes das refeições.

Além da horta, delegaçõs visitaram a cozinha da escola para conhecer a estrutura e os cuidados com o preparo dos alimentos. Foto: WFP/Ana Cláudia Costa.
“Nosso objetivo é das às crianças a oportunidade de experimentar a sensação de cultivar sua própria comida. A horta não consegue suprir todos os ingredientes de que precisamos para as refeições das escolas, mas nós a utilizamos como um espaço em que as crianças podem se familiarizar com o que comem, um espaço para aprender sobre a importância de uma dieta saudável”, explicou Patrícia.

A escola também apresentou outras iniciativas interessantes, como o projeto de aproveitamento de água, que coleta água da chuva para ser utilizada na horta e nos lavabos, além de algumas atividades de educação nutricional que oferecem às crianças dicas de alimentação saudável e as adverte sobre os riscos de adotar uma dieta baseada em alimentos ultra-processados.

Na Escola Municipal de Ensino Fundamental Antônio Giúdice, os integrantes das delegações foram apresentados ao projeto de compostagem da escola, que transforma o lixo da cozinha em fertilizante para a horta escolar. Após a visita à escola, os participantes foram a um restaurante comunitário subsidiado pelo governo local que oferece alimentação saudável a preços acessíveis para populações vulneráveis.

Ao final do dia, as delegações visitaram um banco de leite humano. Eles discutiram com a equipe técnica do banco de leite sobre as estratégias adotadas pelo governo no Brasil para incentivar a amamentação e para fornecer leite materno a crianças cujas mães não podem amamentar.

Agricultura familiar
No segundo dia de visita de campo, os representantes da Libéria e do Quênia visitaram uma cooperativa de agricultores familiares no município de Viamão, no Rio Grande do Sul. O que foi um dia uma única propriedade de terra, hoje é o assentamento de 375 agricultores familiares, graças à reforma agrária.

Visita a assentamento de agricultores familiares. Foto: WFP/Ana Cláudia Costa.

Atualmente, a cooperativa provê arroz e vegetais para a alimentação escolar da região. Toda a comida produzida pelos agricultores familiares é orgânica. “Ao prover alimentação para o programa de alimentação escolar, damos às crianças acesso à alimentação saudável e apoio aos agricultores locais”, afirmou Huli Zang, coordenador da cooperativa.

A cooperativa também produz pães, bolos e biscoitos com ingredientes locais. Cerca de 95% da produção da padaria da cooperativa são comercializados para as escolas locais. A maioria das pessoas trabalhando na padaria são mulheres, o que ajudou a incrementar a renda média das famílias e o padrão de vida da comunidade.

Foco na atenção básica de saúde
A visita de campo foi encerada num centro de saúde em Porto Alegre, onde as delegações puderam compreender o impacto da Estratégia Saúde da Família do Brasil sobre a mortalidade infantil e como a estratégia está vinculada a outras políticas públicas desenvolvidas pelo governo brasileiro.

“Ao combinar o atendimento básico de saúde a outras políticas de proteção social, como a transferência condicional de renda, o Brasil reduziu suas taxas de mortalidade infantil e melhorou os índices de desnutrição”, afirmou Vania Frantz, coordenadora da atenção básica da Secretaria da Saúde de Porto Alegre.

Para atender às condicionalidades de saúde e nutrição, as crianças com menos de 7 anos devem receber todas as vacinas obrigatórias e cumprir um calendário de monitoramento do crescimento e da situação de saúde. Mulheres grávidas e lactantes também devem comparecer a consultas pré- e pós-natal, além de participar de atividades de educação em saúde e nutrição.

Intercâmbio de conhecimentos em nutrição
Até o final da semana, as delegações da Libéria e do Quênia estão acompanhando as atividades do XIV Congresso Brasileiro de Nutrição (Conbran). Eles participam das plenárias e de eventos paralelos e têm a oportunidade de conversar com especialistas em nutrição do Brasil e de outros países da América Latina. Antes de partir, na segunda-feira 31, os representantes dos governos dos dois países vão se reunir para trocar impressões sobre a experiência brasileira em nutrição, discutir como essas experiências podem se adaptar às suas realidades e definir os próximos passos para consolidar esforços na área de nutrição em seus países.

Foto: WFP/Ana Cláudia Costa

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