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Os próximos passos na integração da América do Sul

Co-realizador de seminário promovido pelo Instituto Lula, o secretário-geral da UNASUL Ernesto Samper explica como o continente pode se fortalecer nos próximos anos


Os próximos passos na integração da América do Sul

Fotografia: Luis Astudillo C./Wikimedia Commons

Na próxima quarta (13), o Instituto Lula e a UNASUL (União das Nações Sul-Americanas), promoverão o colóquio “A integração das cadeias produtivas na América do Sul”, em São Paulo. O objetivo do encontro é discutir com a sociedade civil, empresários, parlamentares e movimentos sociais e sindicais as políticas de integração produtiva da UNASUL para o continente sul-americano.

O seminário parte da concepção de que a região só terá uma verdadeira integração se houver planejamento na hora de produzir e se cada país se concentrar no que faz melhor. Dessa maneira, o continente poderia agir como um só bloco, oferecendo uma maior diversidade de produtos para exportação e consumo interno.

Um dos participantes do colóquio e integrante da mesa de abertura junto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é Ernesto Samper, secretário-geral da UNASUL e ex-presidente da Colômbia. Em entrevista ao site do Instituto Lula, Samper explicou quais são os próximos passos que o continente deve dar rumo a uma integração maior e afirmou que “o presidente Lula é um símbolo regional em muitos dos campos nos quais temos que nos unir para levar o projeto da UNASUL adiante”.

A América do Sul se encontra mais unida e integrada que há 12 anos. Quais são as prioridades de ação da UNASUL no contexto regional?

Penso que a América do Sul deve continuar a aprofundar o processo de maior inclusão social, democratização e melhoria das suas condições de competitividade que caracterizaram sua integração durante os últimos dez anos. Mas, ademais, deve abordar outros projetos que a aproximem ainda mais à cidadania, dando a ela legitimidade ante os 400 milhões de cidadãos sul-americanos. Esses projetos seriam: o da cidadania sul-americana para facilitar a absoluta mobilidade laboral, acadêmica e social dos sul-americanos dentro de suas fronteiras, o da competitividade para melhorar suas condições de competir internacionalmente através de uma maior e melhor infraestrutura, conectividade e financiamento para o desenvolvimento e o da convergência para aproximar todos os processos sub-regionais que hoje estão em curso na região tratando de somar forças, eliminar duplicidades e especializar espaços.

A integração produtiva é uma área fundamental para o desenvolvimento econômico e social da América do Sul. Quais são os principais obstáculos que impedem uma maior integração produtiva na região?

O modelo extrativista de desenvolvimento nos acostumou a viver do que extraíamos do subsolo ou produzíamos na superfície. Chegamos assim a um paradoxo de ser uma das regiões mais ricas do planeta em termos de recursos naturais, mas com os níveis mais baixos de industrialização e integração produtiva. Os problemas de competitividade assinalados acima, somados às deficiências evidentes em matéria de preparação técnica, ciência e tecnologia têm dificultado a consolidação de um verdadeiro e autônomo modelo produtivo. Criar essas novas condições de produtividade é um grande desafio da região para os próximos anos. Para fazê-lo, deve começar por fortalecer seu espaço regional de integração, voltar-se ao que é nosso.  

Na sua opinião, qual é a contribuição que o Brasil pode dar para melhorar a integração produtiva na região?

O Brasil pode contribuir muito em matéria de infraestrutura, desenvolvimento produtivo e alianças estratégicas internacionais produtivas. Também pode, através de esforços de solidariedade compartilhada com outros países da região, ajudar a reduzir as assimetrias que caracterizam social, geográfica e produtivamente nossos países. Algo parecido aos fundos de coesão europeia que “nivelaram” o campo da integração, mas que em nosso caso deveriam ser considerados como “fundos de inclusão” para reduzir também as brechas que nos caracterizam como uma das regiões mais desiguais do planeta. Complementaridade produtiva e solidariedade social são os dois grandes rumos da proposta sul-americana do momento.

Como o senhor vê o trabalho conjunto e a parceria entre a UNASUL e o Instituto Lula para a promoção desse seminário que se realizará?

Como uma aliança virtuosa. O presidente Lula é um símbolo regional em muitos dos campos nos quais temos que nos unir para levar o projeto da UNASUL adiante. Suas propostas de sucesso em matéria social, seu sentido de cooperação hemisférica e sua visão de futuro em temas como o das cadeias de valor que nos reunirão nessa semana em São Paulo são provas de que ele é uma grande referência na tarefa na qual estamos empenhados para avançar no desenvolvimento de um novo cidadão sul-americano, mais solidário, mais social, mais produtivo na economia, mais participativo na política e mais comprometido com a defesa de seu meio ambiente. Todos somos UNASUL.

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