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13 de janeiro de 1999: após eleição, real despenca e afunda economia

Moeda tem forte desvalorização no início do segundo mandato de FHC


13 de janeiro de 1999: após eleição, real despenca e afunda economia

Do Memorial da Democracia 

O ano mal havia começado e o presidente FHC, recém-reeleito, troca o presidente do Banco Central para garantir uma mega desvalorização do real. A moeda brasileira vinha sendo mantida artificialmente em paridade com o dólar, a custos altíssimos para a economia nacional. O ajuste abrupto, no entanto, provocou uma crise que se espalhou pelo continente e levou milhares de pequenos empresários à bancarrota. Acusado de ter causado prejuízos à economia nacional para se reeleger, FHC enfrentaria sua primeira crise de popularidade no segundo mandato. Ao final de seu governo, desgastado e alvo de diversas críticas, FHC não conseguiria fazer seu sucessor.

A paridade entre o real e o dólar, há algum tempo considerada insustentável, chega ao fim alguns dias depois da posse do presidente Fernando Henrique Cardoso para o segundo mandato. O presidente do Banco Central, Gustavo Franco, que resistia ao necessário ajuste no câmbio, é substituído por Francisco Lopes, que anuncia uma desvalorização de 8,3% do real e a adoção de uma nova forma de flutuação cambial, a “banda diagonal endógena". Entretanto, com as reservas de divisas já muito baixas, não é possível manter a moeda dentro da banda já nos primeiros dias. O real se desvaloriza mais rapidamente que o esperado, chegando a R$ 2,16 em março. Caía por terra um dos mitos do Plano Real: a força da moeda diante do dólar.

No final de 1998, a desconfiança dos investidores internacionais em relação ao Brasil era grande devido à crise financeira internacional e à política cambial populista. O governo mantinha o real sobrevalorizado para não afetar as chances de reeleição do presidente Fernando Henrique. Preferiu recorrer ao Fundo Monetário Internacional (FMI), aos organismos multilaterais e às autoridades financeiras do chamado G-7, o grupo dos sete países mais ricos do mundo. Com eles, o Brasil fechou em novembro um acordo para receber um aporte total de US$ 41,5 bilhões — US$ 18 bilhões vindos do FMI, US$ 9 bilhões do Banco Mundial e do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e US$ 14,5 bilhões de países da União Européia, Estados Unidos, Japão e Canadá.

O socorro tornou-se inevitável diante da fuga em massa de recursos que haviam ingressado no país atraídos pelos juros altos. As reservas caíram de US$ 66,5 bilhões em agosto para US$ 44,6 bilhões no final do ano. No acordo, o FMI e os países do G-7 exigiram como contrapartida a adoção de um rigoroso ajuste fiscal. Os sinais da vulnerabilidade crescente da economia brasileira vinham se acumulando desde 1996.

Embora o Plano Real tenha sido exitoso no combate à inflação, os juros elevadíssimos e o câmbio fixo produziram uma situação insustentável, com altos déficits nas transações correntes, que passaram de 0,3% do PIB, em 1994, para 3,34% em 2006. No auge da crise de 1998 alcançou 4,43% do PIB. O dólar sobrevalorizado fortaleceu os setores importadores da economia, prejudicando a indústria nacional e os exportadores, cujos produtos perderam competitividade.

No início de fevereiro, o ministro da Fazenda, Pedro Malan, demitiu Francisco Lopes. Foi substituído por Armínio Fraga, que trabalhava para o financista Georges Soros em Nova York. A desvalorização do real acarretou um custo elevado para o país e para as empresas que tinham dívidas em dólar e gerou um forte e abrupto desgaste político para o presidente Fernando Henrique Cardoso.

O Memorial da Democracia

É o museu virtual das lutas democráticas do povo brasileiro, criado pelo Instituto Lula e mantido graças a uma parceria com a Fundação Perseu Abramo. Para visitar mais de 80 anos de história nacional, acesse: memorialdademocracia.com.br

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