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A retomada do crescimento depende da redução dos juros

A pressão sobre a taxa de juros acarreta um desnecessário aumento de gastos com a dívida pública, avalia o economista e presidente do Instituto Lula, Marcio Pochmann


A retomada do crescimento depende da redução dos juros

Juros altos prejudicam retomada da produção e geração de empregos. (Foto: Divulgação)

Diante do debate aberto pelo presidente Lula sobre a necessidade de o país reduzir a taxa de juros para que o governo possa investir e estimular a economia pelo consumo sustentável das famílias, economistas têm reforçado a tese de que a atual taxa da Selic, estabelecida pelo Banco Central na última semana, não é sustentável social e economicamente. E mais: ela não é eficaz no combate à inflação.

O economista Marcio Pochmann, presidente do Instituto Lula, ressalta que com o aumento da Selic (Taxa básica de juros da economia do país) em 11,75 pontos percentuais entre agosto de 2020 (2%) e dezembro de 2022 (13,75%) o impacto na dívida líquida do setor público do país foi de 446,5 bilhões de reais. 

“Para o Banco Central Independente, a cada aumento de 1 ponto percentual na taxa básica de juros, a dívida líquida do setor público (Dlsp) cresce 38 bilhões de reais”, alerta Pochmann.

No início da semana, o economista Luiz Carlos Bresser-Pereira declarou que a taxa de juro real do país "é um escândalo”. “Qual é a taxa de juros [real] razoável, para um economia como a brasileira, para combater a inflação? É 2%, 3%, no máximo”, afirmou o economista. 

Para Bresser, que participou ativamente das discussões em torno da criação do Plano Real, nos anos 90,  a taxa de juro real de hoje é um escândalo. “Isso não faz o menor sentido, e Lula tem toda a razão”, assentiu. Para o economista, falta prudência e moderação ao BC no enfrentamento do problema.

“É um absurdo, não só porque impede qualquer crescimento econômico, como também aumenta o déficit fiscal. O governo então, em vez de gastar em educação e saúde, gasta em juros para os rentistas, isso não faz o menor sentido”, criticou Bresser. 

O economista também condenou a Lei de Independência do Banco Central, que além de conferir a Campos Neto (presidente do Banco Central) um mandato não coincidente com o do presidente da República, não produziu nenhum resultado positivo sobre a produção de riquezas ao país.

“Não havia nenhuma necessidade da aprovação de um mandato fixo para o presidente do BC”, insistiu Bresser, para quem a situação é muito desagradável. “Por que Lula fala sobre isso? Porque ele é o comandante da nação, tem um programa de governo, uma responsabilidade perante a sociedade e tem de falar forte, firme, é papel dele”, defendeu.

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