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Agressão é contra o Brasil e a América Latina

Senador paranaense cita espionagem contra Dilma e perseguição da Lava Jato a Lula como parte de uma ação norte-americana para “capturar” o Brasil e o continente


Agressão é contra o Brasil e a América Latina

Requião e Fernando Lugo com o ex-presidente: "Quero votar no Lula para presidente", diz o senador (Reprodução)

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O senador Roberto Requião (MDB-PR) afirmou que a “movimentação” que está em curso agora no Brasil não é contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Referindo-se ao mesmo tempo à perseguição ao petista pela imprensa comercial e pelo sistema judiciário e à escalada de ataques de grupos de extrema-direita à Caravana Lula pelo Brasil, Requião sustenta que se trata de uma agressão à contra a América Latina e ao Brasil. O senador é um dos oradores do Seminário Internacional da Tríplice Fronteira, no município de Foz do Iguaçu, oeste do Paraná, a 660 quilômetros de Curitiba. O evento se realiza na Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), criada em 2010.

Requião está ao lado de lideranças de outros países, entre elas o senador paraguaio Fernando Lugo, presidente que também foi derrubado por um golpe jurídico parlamentar, em 2012. 

Ele afirmou que existem fortes interesses externos no desmonte da Petrobras, dos bancos públicos, na privatização do setor elétrico e do Aquífero Guarani. E associou a espionagem praticada pela Agência Nacional de Segurança (NSA), dos Estados Unidos, contra a presidenta Dilma Rousseff, descoberta ainda durante o governo de Barack Obama, em 2015, à Operação Lava Jato, como partes de um mesmo objetivo.

“Ninguém em sã consciência que tem um presidente que põe o Brasil entre as sete maiores economias do mundo acredita que ele iria comprometer sua história por causa de uma merda de um apartamento”, afirmou. “Estão tentando capturar o Brasil e através do Brasil capturar a América Latina. Não fosse Lula o virtual presidente da República eleito em 2018, ele não estaria passando pelo que está passando.”

Dirigindo-se a Lugo, o senador paranaense afirmou que não existe prisão possível para Lula, porque a esperança não se prende. “Não acredito que (a Justiça) terá coragem de confirmar a decisão do TRF4. Lula: quero votar em você para presidente”, declarou.

Enquanto o ex-presidente foi ao evento de Foz, parte da comitiva se dirigiu diretamente para Quedas do Iguaçu, a 200 quilômetros dali, acompanhada por centenas de apoiadores espalhados à margem da rodovia, fazendo lembrar episódios da etapa nordestina da caravana. Em Quedas, o ato público está marcado para a manhã desta terça-feira (27), quando a Caravana Lula pelo Brasil chega ao seu penúltimo dia de jornadas iniciadas em Bagé, no dia 19.

Algumas pessoas chegaram a estender faixa com dizeres "Quedas do Iguaçu não é Bagé", em alusão aos primeiro movimentos de hostilidade registrados na cidade gaúcha onde Lula visitou a Universidade Federal do Rio Grande do Sul. 

A etapa seguinte, que será cumprida à tarde, será em Laranjeiras do Sul. À noite, em Guarapuava. Na quarta-feira pela manhã, a caravana segue em direção a Curitiba para um ato público na Boca Maldita, marcado para as 17h.

‘Sei que vai ter confusão, mas somos da paz’

O reitor da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila), Gustavo Oliveira Vieira, destacou a origem dos alunos que ingressaram na instituição, lembrando que 52% dos estudantes são os primeiros a entrar em universidade em seu núcleo familiar. Na cerimônia, fez questão de agradecer o ex-presidente. “A Unila veio até você e precisamos dizer ‘muito obrigado’. Estamos trabalhando duro para que nossa missão institucional não se perca.”

O deputado argentino do Parlasul Jorge Taiana tratou do tema da integração latino-americana como fundamental para o desenvolvimento dos países da região. “Estamos aqui em nome de muitos argentinos para expressar nossa solidariedade a Lula e ao povo brasileiro, e em defesa da democracia na América Latina. Mas estamos aqui não só em apoio solidário aos companheiros, mas em defesa própria, porque o que acontece no Brasil vai afetar o que acontece na América do Sul”, disse. “Vamos resistir, mas não vamos só resistir, vamos vencer e voltar a ter um governo a serviço do povo, que defenda seus interesses e que lute pela integração.”

O ex-presidente paraguaio Fernando Lugo disse que “estar com Lula é estar com a maioria do povo do Brasil”. E lembrou o processo que o derrubou do governo. “Entendo melhor o que muita gente disse em junho de 2012, que o golpe de Estado parlamentar no Paraguai era contra a integração latino-americana, do Mercosul, da Unasul, do Celac. Mas aqui (no seminário) está uma genuína integração com a qual nós, latino-americanos, sonhamos.”

A presidenta do PT, senadora paranaense Gleisi Hoffmann, destacou os investimentos feitos durante governo Lula no estado e ironizou os grupos de pessoas que bloquearam passagens e agrediram a comitiva do ex-presidente. “Esses que vieram fazer protesto, muitos beneficiados por políticas públicas, porque os grandes fazendeiros dessa região se beneficiaram com financiamento do custeio das suas safras, compraram trator e maquinário com juros baratos, tiveram condições de fazer a exportação de sua produção e nunca tiveram a dignidade de reconhecer”, apontou. “Foi um dos melhores governos para a agricultura desse país. O que eles externam é ódio de classe, fascismo, ideologia contrária.”

Na fala de encerramento, o ex-presidente Lula lembrou de como teve a ideia de criar a Unila e também a Universidade de Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab). “Quando pensei em criar uma universidade da integração da América Latina e em criar uma universidade de integração entre o Brasil e a África, tinha em mente uma coisa que me envergonhava. Ficava sempre me perguntando como Cuba, que tem apenas 110 mil quilômetros quadrados, população de 10 milhões de habitantes, um PIB pequeno, uma renda per capita baixa, conseguia dar tantas bolsas de estudos para jovens pobres da América Latina. E pensava por que o Brasil e a Argentina não poderiam fazer o mesmo”, disse. “A única explicação era que não era por falta de dinheiro, mas por falta de interesse político de contribuir para que as pessoas mais pobres da América Latina tivesse acesso a universidade.”

Lula lembrou ainda o fato de ter estabelecido um diálogo com os reitores, algo que, segundo ele, não havia em gestões anteriores. “Sou o único presidente da República que todo ano me reunia com todos os reitores das universidades. Os outros não, porque tinham medo de que o reitor fosse levar uma reivindicação. E aprendi pra caramba com isso, e quase tudo que fizemos foi resultado das reuniões com reitores nesse país.”

Como em falas anteriores em sua caravana, Lula falou sobre as agressões sofridas por sua comitiva. “É um bando de fascistas, 40 ou 50 pessoas que se acham donos para proibir que dois ex-presidentes pudessem transitar livremente”, afirmou. “Enfrentamos uma barra que nunca tinha pensado que iria acontecer. Tivemos certa tranquilidade em Florianópolis, por que lá tinha muita gente, e vamos terminar em Curitiba. Já sei que vai ter confusão, mas somos da paz. A única coisa que não aceitamos é dar a outra face. Não queremos bater, não nascemos para bater, mas não queremos apanhar. Queremos ensinar as pessoas a conviver democraticamente na diversidade.”

“Descobri com esse golpe que a democracia no país é coisa rara. Não é regra, é exceção. A Dilma nem tinha aprendido a andar de bicicleta e foi acusada de dar pedalada”, brincou, para depois deixar uma mensagem à plateia composta majoritariamente por jovens estudantes. “Se vocês querem uma motivação de luta, não se preocupem com o que está acontecendo com o Lula, mas se preocupem com o que está acontecendo com este país e com este povo. Senão, vamos voltar a ser um país sem soberania.”

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