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ʽAs pessoas estão sendo humilhadas nas filas dos bancosʼ


ʽAs pessoas estão sendo humilhadas nas filas dos bancosʼ

Da Redação da Agência PT de Notícias

O aprofundamento da crise sanitária brasileira provocada pela pandemia do novo coronavírus está ligada diretamente ao mau desempenho do presidente Jair Bolsonaro, que continua a desprezar o Covid-19, e a política econômica insensível tocada pelo ministro Paulo Guedes. A avaliação é do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Ele não cuida da pandemia, ele não cuida da economia, ele não cuida do emprego, ele não cuida do trabalho. Que governo é este?”, questionou. “Foi incapaz de fazer um gesto de solidariedade com os familiares das pessoas que morreram”. 

Em entrevista ao jornalista Leonardo Sakamoto, do UOL, nesta quinta-feira, Lula cobrou do governo responsabilidade no enfrentamento da pandemia e pague de maneira rápida e eficiente ao povo os recursos do Seguro Quarentena, no valor de R$ 600. O saque do auxílio emergencial vem provocando filas gigantes pelo país. “Ele queria dar R$ 200. O PT, um salário-mínimo. O Congresso aprovou R$ 600 e as pessoas estão sendo humilhadas nas filas dos bancos para receber o que têm direito”, cobrou.

Segundo Lula, Bolsonaro e Guedes são insensíveis ao sofrimento do povo. “O governo não está fazendo favor de dar R$ 600 reais para o povo”, criticou. “E não adianta falar que não tem dinheiro. Da mesma forma que eles já torraram 50 bilhões de dólares das reservas internacionais, eles podem alargar nossa base monetária pra enfrentar essa crise”.

Lula denuncia o comportamento desumano de Bolsonaro, que simplesmente contraria as orientações das autoridades sanitárias, mostrando desprezo pela ciência e por órgãos multilaterais, como a Organização Mundial de Saúde (OMS). “O que eu gostaria que o Bolsonaro fizesse seria aconselhar o povo a usar máscara, a não se aglomerar, a cuidar da higiene”, advertiu. “Garantir que as pessoas ficassem em isolamento. É isso que eu espero de um presidente da República”.

O ex-presidente avalia que o Bolsonaro não reúne hoje as condições para liderar o país e deve ser afastado do cargo. As condições para o eventual impeachment, contudo, ainda estão sendo reunidas. “O pedido de impeachment deve vir de várias entidades e de forma conjunta da sociedade civil, e não apenas de uma única entidade partidária”, disse. Na avaliação de Lula, se partir do PT um pedido de impeachment, o próprio Bolsonaro vai alegar que está sendo vítima de uma perseguição política, tentando esconder o fato de já cometeu vários crimes de responsabilidade.

Moro é o ‘pai’ de Bolsonaro

Sobre a briga do presidente da República com o ex-ministro da Justiça Sérgio Moro, o líder petista lembrou do vínculo estreito estabelecido entre os dois em 2018, durante o processo eleitoral, quando a Lava Jato viu no candidato da ultra-direita uma chance de derrotar o PT. Para Lula, os dois estão umbilicalmente ligados, mas foi o ex-juiz quem criou as condições para a vitória de Bolsonaro, quando decidiu prendê-lo e condená-lo num julgamento claramente forjado em provas inexistentes e desvios de conduta de procuradores e do próprio Moro.

“Bolsonaro é um desvio da história brasileira. Mas não foi Bolsonaro quem criou o Moro. Foi o Moro quem criou o Bolsonaro e a Globo foi quem criou os dois”, resume Lula. “Isso é fruto da anti-política. A negação da política permite a criação de líderes autoritários”, advertiu, citando que a história ensina que em momentos como este, a anti-política permitiu a ascensão de figuras como Adolf Hitler – que se suicidou há exatamente 75 anos – e Benito Mussolini – enforcado em praça pública também em 1945.

Sobre Moro, Lula foi curto e grosso, ao ser indagado se enfrentaria o ex-ministro da Justiça nas urnas num eventual segundo turno nas eleições de 2022: “O Moro era um juiz medíocre e nunca teve estatura para ser ministro da Justiça. Ele é resultado de 20 minutos todo dia no Jornal Nacional inflando ele. Ele poderia ter pedido desculpas e ter assumido que me julgou politicamente. Sem a toga, ele não é ninguém e é isso que ele vai aprender agora”.

Sobre a possibilidade de ser candidato à Presidência novamente, o ex-presidente minimizou as chances. “Terei 77 anos. Eu já fui longe demais”, afirmou. “Quando eu falo que quero recuperar a democracia no Brasil não significa que eu tenho que voltar à Presidência. Mas eu quero, sim, recuperar meus direitos políticos. Porque os canalhas que me condenaram não tem a dignidade que eu tenho”.

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