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Cartas a Lula viram livro na França

Para realizar o projeto, historiadora francesa se debruçou sobre o acervo de mais de 30 mil correspondências enviadas ao ex-presidente e mantido pelo Instituto Lula


Cartas a Lula viram livro na França

Durante os 580 dias em que Lula foi mantido preso injustamente em Curitiba (PR), mais de 30 mil cartas chegaram ao Instituto Lula endereçadas ao ex-presidente, carregando palavras de carinho, solidariedade e gratidão. Todas foram lidas, respondidas e guardadas por uma equipe do Instituto, à espera do verdadeiro dono. Agora, as cartas a Lula viraram livro — “Mon cher Lula” (“Meu querido Lula”, em tradução livre).

A iniciativa é da historiadora francesa Maud Chirio, fundadora da Rede Europeia pela Democracia no Brasil. Antes de decidir publicar um livro em francês, Maud já havia organizado uma peça de teatro na França, onde artistas brasileiros e franceses leram algumas cartas selecionadas, e publicado o site Linhas de Luta, também com recortes do mesmo acervo. Um documentário sobre o mesmo tema está em produção.

“O que começou como um apoio na preservação de um acervo precioso se transformou num projeto mais ambicioso”, conta Maud. Inicialmente, ela e alguns colegas franceses e argentinos se reuniram para oferecer auxílio com o imenso volume de cartas que chegavam todos os dias no Instituto Lula — à época com uma equipe enxuta devido à intensa perseguição sofrida pela instituição. 

Lá foi recebida e, conforme foi travando contato com a grandeza das histórias reveladas por aquelas palavras manuscritas, decidiu ir além. O objetivo agora é fazer com que “parte dessas vozes nunca antes escutadas sejam ouvidas e se tornem patrimônio universal”, conta ela. A historiadora entende que as cartas a Lula são uma leitura inédita da sociedade brasileira, uma vez que “a História não guarda rastro dessas pessoas”.

Após ler milhares de cartas antes da difícil missão de selecionar algumas dezenas para a publicação impressa, Maud percebeu que as “pessoas que tiveram suas vidas revolucionadas pelos governos Lula e Dilma Rousseff mudaram sua ideia sobre representação numa democracia, sobre o que se pode esperar do Estado”. “Ao contar sua história, a história de seus pais ou seus avós, elas sabem que estão contando a história do país”, conclui.

A cerimônia de lançamento do livro acontece nesta quinta-feira (17), em Paris, na França. Para os próximos meses está prevista a publicação do livro também em português, editado pela Boitempo.

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