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No México, Instituto coordena debate na Clacso

Grupo de Acompanhamento de Temas Estratégicos do Instituto Lula apresenta impactos e desafios da economia brasileira na Conferência Internacional Latino-Americana e Caribenha de Ciências Sociais (CLACSO), no México


No México, Instituto coordena debate na Clacso

Divulgação

Grupo de Acompanhamento de Temas Estratégicos do Instituto Lula apresenta impactos e desafios da economia brasileira na Conferência Internacional Latino-Americana e Caribenha de Ciências Sociais (CLACSO), no México 

O Instituto Lula participou nesta terça-feira (7) do primeiro dia de debates da 9ª Conferência Internacional Latino-Americana e Caribenha de Ciências Sociais (CLACSO 2022) . Realizado na cidade do México, o encontro segue até 10 de junho. A Clacso é o maior evento acadêmico e político das Ciências Sociais e Humanas, em nível mundial.

Seis pesquisadores do Grupo de Acompanhamento de Temas Estratégicos (Gate) do Instituto Lula, coordenado pelo economista Marcelo Manzano, organizaram uma mesa de debate sobre os “Impactos do neoliberalismo na economia brasileira: novas desigualdades e desafios na era digital”. Sob a coordenação do professor Luís Vitagliano, os debatedores levaram à CLACSO análises relacionadas às temáticas específicas de cada um dos núcleos de pesquisa do Gate. 

"Assim, expusemos sobre o sistema de proteção social brasileiro, a situação do mercado de trabalho, o potencial indutor do Estado para o desenvolvimento, as transformações das cidades e a corrosão recente das instituições democráticas”, relata Matias Cardomingo, pesquisador da Universidade de São Paulo (USP). “A mesa serviu para organizar aquilo que tem sido discutido no âmbito do Instituto Lula, identificando conclusões já publicadas em nossos materiais e apontando caminhos futuros.”

Crise climática

Mestre em Economia, Cardomingo falou sobre a importância do conceito de desenvolvimento por missões para a retomada do papel indutor do Estado. “Uma postura ativa na coordenação de prioridades, através do planejamento democrático, será essencial para a superação da crise climática global e social, no âmbito brasileiro”, explica.

Para ele, a promoção da transição ecológica, em especial, deve ser entendida como uma ferramenta de elevação da qualidade de vida da classe trabalhadora e não como uma austeridade verde. “A mudança de hábitos de consumo, também necessária, deve se impor especialmente sobre o topo da distribuição de renda: os 10% mais ricos do Brasil emitem dez vezes mais carbono que os 10% da base, por exemplo.”

Da mesma forma, avalia Cardomingo, o programa de investimentos necessários para a alteração da infraestrutura rumo a uma produção verde deve ser visto como uma oportunidade de geração de bons empregos. “A adaptação das cidades à crise climática, a transição energética e a produção de alimentos podem passar por transformações que elevem o nível de renda e garantam empregos melhores que as soluções temporárias e precárias que predominam hoje.” 

Golpe contra a sociedade

Pesquisadora do Gate e cientista social pela PUC-SP, Rose Segurado destaca a importância da CLACSO. “Quando nós no Gate vimos a chamada de trabalho para esse congresso pensamos: estamos na América Latina em um momento tão importante, de retomada democrática popular em vários países como Chile, Argentina, Peru. E espero que agora no Brasil. Vimos uma oportunidade, um espaço importante para compartilhar algumas das reflexões que estamos fazendo no Brasil dentro desse grupo que tem se reunido há mais de um ano.”

Rose Segurado falou à CLACSO sobre as desigualdades sociais no Brasil. “Começamos fazendo um paralelo sobre o que foram os programas sociais nos governos Lula e Dilma, como Bolsa Família, Prouni. E como depois do golpe (com o impeachment da presidenta Dilma Rousseff, em 2016) esses programas foram sendo destruídos. O que nos mostra que queriam chegar ao governo para imprimir as políticas neoliberais e acabar com os programas sociais existentes no nosso país.” 

Renda aos trabalhadores

A cientista social e mestre em desenvolvimento econômico Barbara Vallejos, que participa do Gate pelo Dieese, falou sobre os impactos da reforma trabalhista que prometia empregos nunca criados. Entre os resultados desse golpe dentro do golpe, estão altas taxas de desemprego, menores reajustes salariais, perda de poder de compra da classe trabalhadora.

“Pesquisa sobre rendimentos realizada pelo IBGE revelou que o peso dos salários caiu na maioria dos domicílios”, disse a cientista. “Essa tendência é resultado do contexto de crise e das reformas realizadas no Brasil, mas também é influenciada por mudanças na produção capitalista, com maior mecanização de tarefas, inclusive no setor de serviços, a partir da utilização de Inteligência Artificial, Análise de Big Data, entre outros.” 

A pesquisadora ressalta: “Os salários e a renda na mão dos trabalhadores é elemento fundamental para a saída da crise no Brasil. O PIB brasileiro tem na ‘despesa de consumo das famílias’ o item mais relevante (sob a ótica da demanda), respondendo por 65%”. 

E apontou caminhos para alterar esse quadro que tirou do Brasil o protagonismo econômico e social. “Em primeiro lugar, há que se fortalecer o emprego e os salários no Brasil”, afirma Bárbara Vallejos. “Para isso, é necessário revogar a reforma trabalhista de 2017, que apenas fez aumentar o desemprego e proliferar as vagas de má qualidade no Brasil. Além disso, retomar a política de valorização do salário mínimo, garantindo que o aumento da riqueza será repassado aos salários e não concentrado na mão da parcela mais rica da população. E mais: retomar o fortalecimento das negociações coletivas, para que o diálogo entre empregados e empregadores construa regras protetivas e de forma democrática.”

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