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“A história não nos nega a vitória”, diz Irma Passoni

A ex-deputada é a convidada do terceiro episódio da série Encontros Instituto Lula


“A história não nos nega a vitória”, diz Irma Passoni

No momento em que partidos da esquerda brasileira vivem o dilema de apoiar ou não uma chapa de direita na eleição da mesa diretora da Câmara Nacional, a série Encontros Instituto Lula foi buscar no passado um ponto de diálogo com os dias atuais. A entrevistada é a ex-deputada Irma Passoni, que começou sua trajetória política no MDB, foi fundadora do PT e posteriormente filiada ao PPS.

Mais de 40 anos depois de sua estreia na política, Irma segue firme na convicção de que a luta dedicada e persistente é essencial para as conquistas democráticas. “A história não nos nega a vitória se a gente se empenhar”, afirma.

Neste episódio, Irma Passoni fala sobre a decisão de seu partido que, em 1985, optou por não participar da última eleição indireta da ditadura militar brasileira. Naqueles dias, o PT escolheu marcar posição, colocar os princípios democráticos à frente do interesse eleitoral e protestar contra a eleição indireta. Hoje, o mesmo partido discute participar de uma chapa para a mesa diretora da Câmara que deve ser comandada por um partido conservador.

A professora já era deputada estadual em São Paulo pelo MDB em 1978, antes mesmo da fundação do PT. Fundadora do Partido dos Trabalhadores, ela foi uma entre os oito primeiros deputados federais eleitos pelo PT, na legislatura 1983-1987. Seu novo partido havia sido uma das principais forças na campanha derrotada pelas Diretas-Já! e agora teria de decidir: participar da eleição indireta ou marcar posição e se abster. A escolha era fácil para um partido defensor da democracia: Paulo Maluf, governador biônico de São Paulo era o candidato dos militares. Tancredo Neves, do MDB, era o candidato da democracia.

Tancredo tinha ampla maioria (acabaria vencendo com 300 votos de vantagem) e o PT tinha apenas oito deputados. Num debate muito apertado e apaixonado, o partido decidiu então que era importante marcar posição à esquerda e não participar do colégio eleitoral. Dos oito deputados, três contrariaram a orientação do partido, votaram em Tancredo e se desligaram do partido antes que o processo de expulsão fosse concretizado.

Agora, 36 anos depois, o Instituto Lula conversa com Irma Passoni, deputada que participou da decisão, para ouvir sua opinião sobre passado e presente. Irma, que foi deputada até 1995, fala também sobre a polêmica em torno da eleição da mesa diretora da Câmara. Partidos de esquerda como o PT podem apoiar partidos conservadores se isso significar maior força aos anseios daqueles eleitores representados pela esquerda? Ou é o momento de marcar posição e não aceitar diálogo com golpistas? Num Brasil polarizado como o de hoje, Irma acredita que o papel do deputado é melhor representar os interesses de seus eleitores, mesmo que isso represente participar de uma mesa dirigida por um partido conservador.

Invasão do Capitólio

Numa conversa gravada poucos dias depois da invasão do Capitólio (que é o equivalente ao Congresso norte-americano), Irma também comentou o episódio e falou sobre o desafio que os políticos têm de voltarem a serem vistos pelo povo como seus legítimos representantes. 

Veja a conversa na íntegra abaixo:

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