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Lula se reencontra com catadores e lembra legado

Nas palavras dos próprios trabalhadores da reciclagem, foi Lula o primeiro presidente a abrir as portas do Palácio do Planalto para a categoria


Lula se reencontra com catadores e lembra legado

Em Brasília, Lula se encontra com catadores de materiais recicláveis / Foto: Ricardo Stuckert

Nesta quinta-feira (7), Lula visitou o Complexo Integrado de Reciclagem do Distrito Federal, empreendimento administrado pela Central de Cooperativas de Catadores (Centcoop). A área que abriga o Complexo é um dos quatro terrenos doados à Centcoop pelo governo Lula em 2010, visando a construção de galpões de reciclagem e a geração de renda para milhares de catadores de materiais recicláveis. 

Durante o encontro, o ex-presidente destacou a importância dos trabalhadores da reciclagem: “A sociedade não tem noção do valor do trabalho dos catadores. Quem produz o lixo acha que basta jogar fora e tá resolvido. Se cuidamos tanto da nossa higiene, por que não temos respeito pelas pessoas que recolhem e reciclam o lixo que produzimos?”. 

Já nas falas dos companheiros catadores, não faltaram lembranças e saudades dos tempos de dignidade e conquista de direitos pela categoria — marca dos governos Lula. 

Para não esquecer que o Brasil tem jeito, resgatamos aqui uma parte desse legado transformador. 

Em uma das últimas entrevistas como presidente do Brasil, Lula se emocionou ao lembrar do dia em que, “embaixo daquela ponte lá no Glicério”, viu o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) assinar um empréstimo de R$ 200 milhões para cooperativas de catadores de papel. Ali, entendeu que o Brasil tinha “se encontrado consigo mesmo”. 

Fica fácil entender essa emoção quando se lembra da relação histórica construída entre os catadores de materiais recicláveis e Lula. Nas palavras dos próprios profissionais da reciclagem, foi ele o primeiro presidente a abrir as portas do Palácio do Planalto para a categoria, até então marginalizada pelo poder institucional.

Logo em seu primeiro ano na Presidência da República, Lula deu o tom de como seria seu governo. O Comitê Interministerial de Inclusão Social de Catadores de Lixo foi criado em 2003, com o objetivo de garantir condições dignas de vida e trabalho à população catadora e apoiar a destinação adequada de resíduos sólidos nos municípios. 

Também em seu primeiro mandato e de forma inédita na história, Lula anunciou a criação de uma linha de financiamento para catadores pelo BNDES. Os recursos permitiram que cooperativas comprassem caminhões, construíssem galpões, adquirissem máquinas e equipamentos adequados ao trabalho, além de garantir assistência técnica e capacitação dos cooperados em todo o país.

O ex-presidente também instituiu a reciclagem em toda a administração pública federal e estabeleceu que o material coletado fosse destinado a cooperativas de reciclagem. 

Já no segundo mandato presidencial, Lula sancionou a lei de criação da Política Nacional de Resíduos Sólidos. Em cerimônia com os catadores, o então presidente anunciou linhas de crédito de financiamento de projetos de tratamento de resíduos sólidos em substituição aos lixões, implantação da coleta seletiva e apoio às cooperativas de catadores.

O governo do ex-presidente também criou grupos de trabalho para estudar políticas públicas específicas para a categoria e realizou conferências nacionais sobre o tema. 

Resumir décadas de uma relação como a de Lula com os catadores é tarefa árdua, mas tem um símbolo que resume bem o que tem sido essa parceria: o Natal com os catadores. Desde sua eleição, todos os anos Lula escolhe passar a data especial ao lado dos companheiros da reciclagem. Além da celebração com intervenções culturais e artísticas, o evento funciona também como um espaço de balanço anual, onde os catadores comemoram as conquistas e apresentam novas reivindicações da categoria. 

No último Natal, a pandemia impediu que o ex-presidente estivesse novamente com os catadores, mas Lula enviou a eles uma mensagem: “Não imaginei que depois de sair da prisão pudesse haver algo que me impedisse de passar o Natal com vocês. Meu compromisso com vocês é mais que político. É de sangue, é de pele”. Outros Natais virão. 


Natal com os catadores em 2006 / Foto: Ricardo Stuckert

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