Lula, Dilma e Haddad se reuniram, neste domingo, com 17 reitores e representantes de universidades e Institutos Federais em Diamantina
Ex-ministro Fernando Haddad durante a reunião com reitores. Foto: Ricardo Stuckert
29/10/2017 20:10
Por Clarice Cardoso e Mariana Zoccoli
Da Agência PT de Notícias
Quais são as prioridades para o ensino superior público no atual momento que o Brasil vive e para o futuro dos estudantes brasileiros? Esse e outros temas foram debatidos, neste domingo (29), entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a presidenta eleita Dilma Rousseff, o ex-ministro da Educação e ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, com 17 reitores e representantes de universidades e Institutos Federais de Minas Gerais.
A conversa foi parte da caravana Lula pelo Brasil, etapa Minas Gerais, na Universidade Federal do Vale do Jequitinhonha e Mucuri, em Diamantina. No dia anterior, o ex-presidente participou de ato em defesa da educação, no centro da cidade.
Na pauta, um tema recorrente: a expansão do ensino superior público e também o ensino técnico no Brasil. Para os reitores e representantes que participaram do encontro, a PEC 55, que congela investimentos em áreas como saúde e educação, é um desastre para os brasileiros. Além disso, eles condenaram veementemente a falta de autonomia das universidades públicas.
O ex-presidente Lula orientou aos reitores que conversem com os estudantes nas universidades e institutos federais, para que os jovens saibam o que realmente está acontecendo com a educação superior pública.
“O momento é de vocês irem para a linha de frente da batalha, dizer que vocês tinham assumido o compromisso e que de repente chega um governo toma conta e tenta desmontar tudo que estava em andamento. E dizer quem é o culpado”.
“É preciso envolver os estudantes para cobrar o que estava garantido. Nós vamos tentar pagar, no século 21, pagar a dívida com a educação. Eles terminaram abortando o futuro do País. Colocar dinheiro na educação como gasto é uma falácia’, completou Lula.
Aos reitores, ele lembrou a criação do ProUni, o ReUni, da ampliação do acesso ao ensino superior, aumento do Fies.
“Nós temos um aprendizado acumulado e nós precisamos exercitá-lo diariamente. Nós temos que imaginar o que a gente era há 15 anos. Nós mudamos muito, tem muita faculdade envolvida em ajudar outros segmentos sociais e isso precisa ser aperfeiçoado”.
A presidenta Dilma Rousseff ressaltou a importância da reunião com reitores e representantes neste momento delicado na vida do Brasil. “Os contratos não estão sendo cumpridos. O principal contrato, que é o democrático, é rasgado. Não estão dando o respeito à educação do país”.
Ela cobrou mais investimentos em educação, de forma progressiva. “Tem que gastar e muito em educação, se quiserem um país desenvolvido. (…) Se a universidade muda de cor, se negros, índios, pessoas da educação pública, hoje ocupam 50% das vagas, obviamente vamos precisar ter uma assistência escolar diferenciada”.
Para o ex-ministro e ex-prefeito Fernando Haddad, o País está sendo conduzido por homens pequenos que não tem a dimensão do potencial que o Brasil tem. Ele lembrou as conquistas da educação brasileira durante os governos do PT, como a autonomia da rede federal, vinculação de recursos e ampliação.
“Por trás dessa afronta existe também a ideologia. Eles querem impor soluções pelo constrangimento”, falou, exemplificando a situação com a tentativa de cobrança de mensalidade na universidade, proposta que já foi ventilada pelo governo golpista de Michel Temer, por meio do ministro Mendonça Filho.
“Governo Temer está trazendo os anos 90 de volta. Está atrasando 20 anos”, finalizou Haddad.
O maior legado dos governos Lula e Dilma é representado pelos investimentos na educação do Brasil. Para o deputado Reginaldo Lopes (PT-MG), o que o ex-presidente e a presidenta fizeram pelo povo vai marcar gerações e o futuro do País. “Começamos a construir um projeto de Nação. Projeto esse que hoje está interrompido. Esses reitores são guerreiros, competentes e comprometidos. Eles estão na resistência. O orçamento 2018 é zero de investimento, parece brincadeira. Nem a ditadura ousou romper com a autonomia das universidades”.
O anfitrião do evento, reitor da Universidade Federal do Vale do Jequitinhonha e Mucuri, Gilciano Nogueira, lembrou que Minas Gerais é o estado que possui o maior número de instituições públicas de ensino superior.
“É preciso refletir sobre a situação das universidades e institutos num momento como esse, em que estamos atravessando uma crise sem precedentes, é muito importante. Esse ano tem sido muito duro para os reitores”, disse.
Para o reitor da Universidade Federal de Juiz de Fora, Marcus Vinícius David, o teto de gastos aplicado pelo governo golpista de Michel Temer é um grande equívoco. Ele ressaltou que as universidades já estão enfrentando dificuldades e disse não saber como será o futuro da educação superior pública. “O que nós estamos vendo é uma alternativa da direita que achava que com um artigo poderia resolver um problema grave que é a questão fiscal”, criticou.
Entre tantos agradecimentos, o reitor da Universidade Federal de Alfenas, Paulo Márcio, fez um especial: “a gratidão é a memória do coração”. A dívida que nós temos com vocês, Dilma, Lula e Haddad, é impagável”.
A viagem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Minas Gerais, que acontece em outubro, é a segunda etapa do projeto que ainda deve alcançar as demais regiões do Brasil.
Em agosto e setembro, Lula pegou a estrada e percorreu os nove estados nordestinos, visitou inúmeras cidades, ouviu e conversou com o povo.
O projeto Lula Pelo Brasil é uma iniciativa do PT com o objetivo de perscrutar a realidade brasileira, no contexto das grandes transformações pelas quais o país passou nos governos do PT e o deliberado desmonte dos programas e políticas públicas de desenvolvimento e inclusão social, que vem sendo operado pelo governo golpista nos últimos dois anos.
Por Clarice Cardoso e Mariana Zoccoli, enviadas especiais à Minas Gerais para a caravana Lula pelo Brasil, para a Agência PT de Notícias