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Brasil perde um de seus maiores líderes do movimento negro, Flávio Jorge

Conselheiro do Instituto Lula e coordenador da Iniciativa África, Flávio Jorge foi um dos principais articuladores da Conen, militante histórico, atuou como secretário nacional de combate ao racismo do Partido dos Trabalhadores


Brasil perde um de seus maiores líderes do movimento negro, Flávio Jorge

Flávio Jorge durante a Assembleia do Instituto Lula, em julho de 2023. Foto: Elineudo Meira (Chokito)

O Brasil perdeu na manhã desta quinta-feira (6) um dos principais líderes do movimento negro no país. Nascido em 1953, o ativista Flávio Jorge Rodrigues da Silva morreu em decorrência de complicações de um câncer do intestino, que tratava há alguns anos.


Articulador da Soweto Organização Negra na cidade de São Paulo e da Executiva da Coordenação Nacional de Entidades Negras (Conen), Flávio Jorge foi secretário nacional de combate ao racismo do PT (1995 a 1999). Um dos principais articuladores do 1º Encontro Nacional de Entidades Negras (Enen), atuou também na Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir).


Militante histórico do PT, era conselheiro do Instituto Lula e fazia parte da coordenação da Iniciativa África. 


Nascido em Paraguaçu Paulista, interior de São Paulo, mudou-se para a capital aos 17 anos em busca de trabalho, após concluir o curso técnico em contabilidade. Em 1974 ingressa na graduação em Ciências Contábeis, na PUC-SP, onde passa a se engajar mais politicamente. Integra um núcleo da Liga Operária (LO), organização socialista e trotskista, e se envolve na formação do diretório acadêmico e do Grupo Negro da PUC, em 1978, que reúne estudantes negros de diversos cursos. Por meio desse grupo, Flávio participa da organização do Congresso de Cultura Negra das Américas, liderado por Abdias do Nascimento (1914-2011) e realizado em 1982. 


Nesse período, participa da organização do PT, junto com Milton Barbosa (1948) e Hamilton Cardoso (1953-1999), ali conhece Lélia Gonzalez (1935-1994). No partido, atuou na elaboração do Centenário da Abolição, em 1988, com lideranças e intelectuais, como Florestan Fernandes (1920-1995). 


Conen

Flávio Jorge e outros militantes negros organizam, no final dos anos 1980, uma série de encontros regionais do movimento negro – Norte-Nordeste, Sul-Sudeste e Centro-Oeste. Era o embrião da realização do 1º Enen, em novembro de 1991, quando é fundada a Conen, da qual Flávio integraria a direção. 


Em maio do mesmo ano, junta diversos militantes do extinto Grupo Negro da PUC para a fundação da Soweto Organização Negra (SON), organização do movimento negro atuante em diversas frentes, como educação, saúde e assistência social. 


Com Erundina e o PT

Entre 1987 e 1988, Flavio Jorge atuou como assessor político no mandato da então vereadora Luiza Erundina. Quando a petista assume a Prefeitura de São Paulo, entre 1989 e 1992, o ativista é convidado para trabalhar na Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional (Fase). Essa participação seria fundamental na realização do Enen, cuja estrutura foi financiada pela Prefeitura de São Paulo. 


Em 1992, junto com diversos movimentos sociais da América Latina e Caribe, Flávio, por meio da Soweto, engaja-se na campanha contra os 500 anos de colonização das Américas. 


Três anos depois, cumpre papel importante na organização da Marcha Zumbi dos Palmares contra o Racismo, pela Cidadania e a Vida, realizada em 20 de novembro de 1993, que reúne mais de 20 mil pessoas em Brasília. No mesmo período, participa da criação da Secretaria Nacional de Combate ao Racismo do PT, da qual foi secretário de 1995 a 1999. 


Nos ano 2000, compõe o Diretório Nacional do partido, ao lado de Benedita da Silva (1942) e de outros militantes negros. 


Na Seppir

Em 2003, um marco para o movimento negro, com a criação da Seppir. Flávio Jorge, junto à Soweto e à Conen, tem importante participação na fundação da secretaria, indicando e apoiando a primeira secretária, Matilde Ribeiro, uma das fundadoras da SON. Em 2004, o ativista participa do Fórum Social Mundial, na Índia, como representante da Fundação Perseu Abramo.  


Perseu Abramo

Flávio Jorge integrou, em 2005, o Comitê Estadual da Marcha Zumbi +10, em São Paulo, e participou da 1º Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial, na Plenária Nacional da Marcha Zumbi +10 e na 2ª Marcha Zumbi dos Palmares contra o Racismo, pela Cidadania e a Vida, realizada em 22 de novembro. Foi diretor da Fundação Perseu Abramo até 2015. 


Flávio Jorge, presente!

O Instituto Lula agradece a sua imensa contribuição nas lutas sociais do Brasil. Que sua luta siga inspirando as novas gerações!



*Com informações do Ancestralidades




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