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Brasil precisa de ?bases mais justas? para desenvolvimento

Denis Maracci Gimenez e Eduardo Costa Pinto comandaram o terceiro encontro do ciclo de debates ?Desenvolvimento, novas desigualdades e justiça fiscal?


Brasil precisa de ?bases mais justas? para desenvolvimento

“O Estado deve ser protagonista do desenvolvimento nacional, mas sobre bases mais justas.” Esta é a opinião de Denis Maracci Gimenez, professor da Universidade Estadual de Campinas e convidado do terceiro encontro do ciclo de debates “Desenvolvimento, novas desigualdades e justiça fiscal”, realizado na noite de ontem (27).


Fazendo um resgate histórico, Gimenez lembra que o Brasil entrou no século 20 marcado pelo atraso e pela pobreza. Foi a partir da Revolução de 1930 que o país avançou de uma “grande fazenda continental” para a oitava economia do mundo em pouco menos de 50 anos. Ainda segundo o professor, essa transformação só foi possível graças à centralidade assumida pelo Estado no projeto nacional de desenvolvimento. 

No início dos anos 1980, porém, o Brasil teria “entrado em parafuso”, a partir da crise da dívida externa. Nas palavras de Gimenez, o Estado virou um “balcão de pagamento de juros” e “império do rentismo”. O ponto de virada nesse processo só aconteceria mais de 20 anos depois, com a eleição de Lula à Presidência da República. 

Segundo o professor, o governo do ex-presidente foi uma tentativa — bem-sucedida — de reorganização do Estado brasileiro como indutor do desenvolvimento nacional. Mas, apesar de todos os méritos reconhecidos por Gimenez, algumas questões fundamentais, como nossa estrutura tributária, não conseguiram avançar nesse período. “Rico tem que pagar imposto no Brasil”, resume o professor. 

Após 13 anos de progressismo, o país sofreu um golpe em 2016. Na esteira da derrubada de Dilma Rousseff, vieram reformas e rearranjos na estrutura do Estado que Eduardo Costa Pinto caracteriza como “um saque, um butim”.

O vice-diretor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro entende que, desde então, o país vive um acelerado processo de reconfiguração capitalista, marcado pela destruição completa das conquistas recentes. Na avaliação do professor, esse processo está tão aprofundado que já não se trata mais de “salvar” o que restou, mas sim de “refundar” as bases do nosso desenvolvimento. Apontando para o futuro, Eduardo afirma que uma reconstrução nacional só será possível com “ousadia, coragem e política”. 

O ciclo de debates “Desenvolvimento, novas desigualdades e justiça fiscal” é organizado pelo Instituto Lula, em parceria com o Instituto Justiça Fiscal e as entidades coordenadoras da campanha “Tributar os Super-Ricos”. Os encontros acontecem sempre às 19h30 das terças-feiras. Na próxima semana, receberemos Paulo Gil Holck Introíni e Rosa Chieza, para discutir tributação e desigualdade no Brasil. Programe-se! 

CRONOGRAMA:

03/08 – Tributação e desigualdade no Brasil: Paulo Gil Holck Introíni e Rosa Chieza
10/08 – Novos negócios e sociedade de serviços: Cássio da Silva Calvete
17/08 – Mudanças na sociedade do trabalho e na estrutura de classes: Marilane Teixeira e Adalberto Cardoso
24/08 – O aprofundamento das desigualdades: Pedro Abramovay
31/08 – Geopolítica internacional: o que muda com a emergência de novos atores globais?: Elias Jabour e Neusa Bojikian
14/09 – O desenvolvimento econômico e social sob novos paradigmas: Cristina Reis e Gabriel Rossini
21/09 – Como superar as desigualdades no Brasil?: Roberto Amaral e Regina Camargos
28/09 – Os caminhos e desafios para a justiça tributária: Dão Real Pereira dos Santos e Marina Marinho

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