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ONU: 10 milhões começaram a passar fome em 2019


ONU: 10 milhões começaram a passar fome em 2019

Foto: Leonardo de França/Reprodução BdF

Por Lu Sudré, para o Brasil de Fato

Cerca de 8,9% da população mundial, o equivalente a 690 milhões de pessoas, foi afetada pela fome ano passado. O dado é apresentado pelo relatório O estado da segurança alimentar e nutrição no mundo 2020" (State of Food Security and Nutrition - SOFI), lançado nesta segunda-feira (13).

De acordo com o levantamento, apenas em 2019 houve um aumento de 10 milhões de pessoas passando fome em nível mundial.

Anualmente, o documento faz um rastreamento do desempenho e trajetória dos países para alcançar a erradicação da fome global, uma das metas sustentáveis da Objetivos Sustentáveis da ONU para 2030.

Em cinco anos, o aumento é de quase 60 milhões. O número de pessoas afetadas pela insegurança alimentar também cresceu: Cerca de 750 milhões, ou quase uma em cada dez pessoas no mundo, foram expostas a níveis graves de insegurança alimentar ano passado. 

Considerando o total de pessoas afetadas pela insegurança alimentar, moderada ou fome absoluta, estima-se que 2 milhões de pessoas não tiveram acesso regular à alimentação adequada em 2019. 

O relatório apresenta ainda uma avaliação preliminar do impacto da crise socieconômica acentuada pela pandemia do novo coronavírus.

Durante a conferência de lançamento online, Mona Jull, presidente do Conselho Econômico e Social das Nações Unidas (Ecosoc), ressaltou a importância dos dados serem evidenciados.

"Esse relatório não poderia ser mais urgente. Ele mostra que em 2019 mais de 820 mil pessoas foram dormir com fome todas as noites. A covid-19 ameaça nossa saúde, economia e tecido social. Irá, com certeza, exacerbar a fome e a insegurança alimentar", lamentou. 

Com base nos dados mais recentes, os órgãos da ONU estimam que a covid-19 pode acrescentar entre 83 e 132 milhões de pessoas ao número total de indivíduos subnutridos apenas esse ano.

Segundo os órgãos internacionais, a perspectiva para alcançar a chamada Fome Zero é negativa. Se as tendências atuais se mantiverem, o número de pessoas afetadas pela fome ultrapassaria os 840 milhões até 2030.

América Latina

A desnutrição aumentou pelo quarto ano seguido em todo o mundo. Apenas na região da América Latina e Caribe, mais de 47 milhões foram atingidas pela fome em 2019. É também na mesma região que a insegurança alimentar aumenta rapidamente, crescendo de 22,9% em 2014 para 31,7% em 2019.

O grande destaque do relatório neste ano é um alerta não só sobre a quantidade de comida ingerida mas também sobre a qualidade. Atualmente, uma dieta saudável, variada e com os nutrientes necessários é uma realidade inalcançável para 38% da população mundial, aproximadamente três bilhões de habitantes. Cerca de 104,2 milhões dessas pessoas vivem na América Latina e Caribe.

O documento ressalta ainda que as crianças são grandes afetadas pelo grave cenário da ausência de alimentação e oferta em má qualidade. Em 2019, 144 milhões de crianças abaixo de 5 anos foram atingidas pelo crescimento atrofiado, enquanto outras 38,3 milhões estavam com excesso de peso.

O relatório é organizado pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, pelo Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola, Fundo das Nações Unidas para a Infância, Programa Mundial de Alimentos e a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Saídas 

Os órgãos internacionais da ONU defendem mudanças radicais nas políticas agrícolas, com incentivo aos pequenos agricultores e incentivo à alimentação mais saudável. A redução das perdas e desperdícios de alimentos, estimados em 30%, também é uma demanda urgente colocada pelo relatório.

A orientação para os países é o aumento da eficácia das cadeias produtivas ao lado de políticas de proteção social que incentivem o consumo de alimentos adequados.

"Nós devemos juntar todos os Estados para combater a fome. E construir um sistema de alimentação integrado. Para nos recuperarmos melhor, temos que transformar a agricultura para as pessoas e para o mundo", defendeu Mona Jull.

Edição: Rodrigo Durão Coelho (BdF)

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