Em entrevista ao UOL, ex-presidente reitera que não quer mudança para semiaberto: “Estou interessado na minha inocência”
Foto: Reprodução/UOL
17/10/2019 11:10
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva minimiza o julgamento que entra nesta quinta-feira (17) na pauta do Supremo Tribunal Federal. O STF começas a julgar Ações de Declaração de Constitucionalidade (ADCs) que contestam a possibilidade de prisão após condenação em segunda instância. A decisão pode resultar na libertação de Lula. Mas sua prioridade absoluta é que a a Corte julgue o mérito do processo que o mantém em uma prisão política a mais de 550 dias, anule a condenação sem crime e sem provas e consolide sua condição de inocente.
“Quero que os ministros da Suprema Corte tenham acesso à verdade do processo e anulem. Se vai ser um ano a mais ou um ano a menos, se vou ficar aqui ou em outro lugar, não importa”, diz o ex-presidente, em entrevista a Flávio Costa e Leonardo Sakamoto para o portal UOL
Campanhas nas redes bolsonaristas espalham que se admitires as ADCs o Supremo iria libertar mais de 200 mil presos. De acordo com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), são 4.895 as pessoas privadas de liberdade sem condenação transitada em julgado. “Não estou reivindicando essa discussão de segunda instância. Não estou interessado nisso. Eu estou interessado na minha inocência”, insiste Lula, que já vinha negando a possibilidade de aceitar condições para progredir para o regime semiaberto de cumprimento de pena.
“Quero que os ministros da Suprema Corte tenham acesso à verdade do processo e anulem. Se vai ser um ano a mais ou um ano a menos, se vou ficar aqui ou em outro lugar, não importa”, enfatiza. A entrevista foi realizada nesta quarta (16).
“Não tem meio-termo comigo. O que eles vão fazer? Antigamente, era mais fácil. Mandava esquartejar, salgar, pendurar no poste. Cometeram a bobagem de me prender, cometeram a bobagem de me acusar, agora vão ter que suportar esse peso aqui dentro”, afirma voltando a mencionar que a Lava Jato criou uma mentira à qual seus acusadores, como o ex-juiz Sergio Moro, hoje ministro de Bolsonaro, e o procurador Deltan Dallagnol estariam aprisionados.
Questionado sobre que resposta sua defesa dará em relação ao semiaberto – a decisão é esperada para esta sexta-feira –, Lula diz que repetirá o que já disse. “Quem roubou já fez a sua delação. Aliás, na Lava Jato o crime compensa. Porque muitos que roubaram fizeram a delação, ficaram com metade do que roubaram, estão vivendo muito bem da vida. Como não roubei, como não cometi crime, como não cometi nenhum ilícito, não quero favor. Não quero pena, quero a minha inocência. É a única coisa que aceito. Vai demorar 50 anos? Vai. A minha bisneta vai um dia ouvir uma sentença de que o bisavô dela era um homem de bem, era honesto e não devia nada para a Justiça.”
Este trecho da entrevista pode ser visto aqui. O portal informa que publicará amanhã a segunda parte.