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Celac diz que mudança climática afetará economia no continente


Celac diz que mudança climática afetará economia no continente

Em 2013, semiárido brasileiro enfrentou a pior estiagem dos últimos 50 anos. Foto: Wilson Dias/Agência Brasil

Celac discute impactos das mudanças climáticas nos programas de erradicação da fome na América Latina

As mudanças climáticas, decorrentes do processo de aquecimento global, afetarão a economia e a segurança alimentar das pessoas que vivem no nordeste brasileiro, em parte da região andina e na América Central. É o que diz o informe realizado a partir da reunião de trabalho da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), realizado na República Dominicana no início de agosto para debater a implementação de um plano para a Segurança Alimentar, Nutrição e Erradicação da Fome no bloco até 2025.

Estiveram presentes na cidade de Santiago de los Caballeros delegações dos 33 países que integram a Celac – incluindo funcionários de alto nível de diversos organismos internacionais vinculados à questão alimentar, como a FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura) – para debater os mecanismos para mitigar os efeitos das mudanças climáticas e estratégias para erradicar a fome na região até 2025.

De acordo com o informe, as mudanças climáticas afetarão o rendimento dos cultivos, impactarão as economias locais e comprometerão a segurança alimentar principalmente em Bolívia, Equador, El Salvador, Honduras, Nicarágua, Paraguai e Brasil (no nordeste brasileiro), regiões que já enfrentam desafios importantes no tema.

Outro ponto de impacto será a alteração na disponibilidade de água na região para a produção de alimentos e outros usos nas zonas semiáridas, onde espera-se uma diminuição das precipitações, e nos Andes, onde as mudanças climáticas têm provocado uma redução da extensão dos picos nevados.

Secas e inundações

As mudanças climáticas já afetam os países do chamado corredor seco da América Central, onde cerca de 3,5 milhões de pessoas precisam de ajuda humanitária e 1,6 milhões vivem na insegurança alimentar moderada ou grave em El Salvador, Guatemala e Honduras.

Aproximadamente 60% das pessoas nessa região vivem em condições de pobreza. Além disso, mais de 2 milhões de famílias dependem da agricultura de subsistência e estão constantemente em risco de insegurança alimentar. Os níveis de pobreza e desnutrição nessas localidades são altos e afetam principalmente as populações rurais e comunidades indígenas.

Há, por outro lado, a previsão de que as precipitações intensas aumentem em 7% para cada grau Celsius de aumento da temperatura, o que terá consequências graves para a agricultura, com o aumento da erosão, desmoronamentos.

As consequentes inundações são um problema que afeta principalmente Paraguai, Argentina, Brasil e Uruguai. No final do ano passado, cerca de 100 mil pessoas tiveram que deixar suas casas, apenas no Paraguai, devido às enchentes.

Histórico

Desde sua fundação, em 2011 em Caracas, na Venezuela, a Celac tem mediado relações políticas dos Estados com o objetivo de fomentar os princípios de unidade, cooperação, integração, diversidade e respeito.

O desenvolvimento social e a erradicação da fome e pobreza são temas que vêm sendo trabalhado pelo bloco desde sua I Cúpula, realizada no Chile em 2013.

Com esse propósito, durante a II Cúpula da Celac, realizada em Cuba um ano depois, foi proposto um Plano para a Segurança Alimentar, Nutrição e Erradicação da Fome, com o apoio da FAO.

Assim, a FAO, em conjunto com a Aladi (Associação Latino-Americana de Integração) e a Cepal (Comissão Econômica para a América Latina), iniciou o processo de construção do chamado Plano Celac para a Segurança Alimentar, Nutrição e Erradicação da Fome 2025 que, após consulta com os diversos Estados, parte das políticas bem-sucedidas implementadas pelos países.

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