12/06/2018 18:06
Fazer o trabalhador pagar o pato pelos problemas econômicos é prática com longa história no Brasil. O dia 12 de junho marca o aniversário do Plano Bresser. Terceiro plano lançado no governo Sarney, sua principal medida foi o congelamento de preços e salários por três meses. O plano seria o terceiro fracasso e o ministro não chegaria ao final do ano no cargo.
O Brasil vivia a época da hiperinflação e dos planos econômicos. Só no governo Sarney foram quatro planos e duas novas moedas. O primeiro deles, o Plano Cruzado, instituiu o cruzado como moeda e teve enorme apoio popular. Rendeu ao partido do governo, o PMDB, a eleição de 22 dos 23 governos estaduais em disputa naquele ano (no DF venceu o também governista PFL). O que o eleitor não ficou sabendo é que o plano era insustentável e só foi prorrogado até novembro por motivos eleitorais. Em pouco tempo começaram a faltar produtos nos supermercados. O governo chegou a “desapropriar” bois nos pastos para garantir a oferta de carne. Apenas seis dias depois da eleição, Sarney lançava o Cruzado 2, que novamente fracassou e provocou a demissão do ministro da Fazenda, Dilson Funaro.
O novo ministro da Fazenda, Luiz Carlos Bresser Pereira, apresentou então novo plano destinado a derrubar a inflação. Sua principal medida era o congelamento de preços e salários por três meses e castigou os trabalhadores com a extinção do “gatilho”, medida que garantia aumentos de salários sempre que a inflação chegasse a 20%. A moeda foi desvalorizada em 10% para incentivar as exportações e elevar as divisas, depois da decretação da moratória da dívida externa naquele ano. Em dezembro Bresser Pereira deixou o Ministério da Fazenda com a inflação anual em 363%. Em janeiro seguinte viria o "Plano Verão", com novo congelamento e troca da moeda pelo Cruzado Novo. No final daquele ano a inflação chegaria a 1.972%.
As informações desta matéria são do Memorial da Democracia, o museu virtual dedicado às lutas democráticas do povo brasileiro.
O acervo pode ser pesquisado em http://acervo.fpabramo.org.br.