“Estamos organizando um G20 no Brasil com foco no combate à fome, por meio de uma Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza”, afirmou o presidente à TV francesa TF1
Foto: Lyon Santos/MDS
03/11/2024 18:11
O presidente Lula concedeu, na manhã desta sexta-feira (1º), entrevista ao canal de televisão francês TF1, comandado pelo jornalista Darius Rochebin. Na conversa, Lula discorreu sobre as missões da presidência brasileira do Brasil no G20 e enfatizou o papel do bloco na redução da pobreza e da miséria no mundo.
“Estamos organizando um G20 no Brasil com foco no combate à fome, por meio de uma Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza”, afirmou o presidente. “Não há mais justificativa para termos 733 milhões de pessoas passando fome em um mundo autossuficiente na produção de alimentos, enquanto os gastos com armas e guerras alcançam a marca de US$ 2 trilhões”, criticou.
Lula lembrou que o Brasil trouxe contribuições valiosas para o tema no âmbito do G20, reiterando que o país já havia saído do Mapa da Fome das Nações Unidas nos governos do PT. “Quando retornamos, em 2023, eram 33 milhões de pessoas na miséria”, lamentou o presidente. “Já tiramos 24 milhões de pessoas e vamos terminar 2026 com as pessoas comendo todas as três refeições. Nada é impossível para o ser humano quando ele tem uma causa”, observou.
Lula também demonstrou preocupação com as mudanças climáticas, outro eixo de discussões no bloco das 20 maiores economias globais. ”Nosso país possui 90% de sua energia elétrica proveniente de fontes limpas, e queremos fazer dessa uma discussão central no G20”, apontou. “Existem dezenas de alternativas para despoluir o mundo e reduzir as emissões de gases de efeito estufa”.
Lula utilizou o canal francês para advogar por consensos em torno de um caminho de paz no mundo. “Sempre é o momento de construir a paz. Precisamos de pessoas dispostas a conversar e dialogar para encontrar soluções para os problemas do mundo”, defendeu.
“Seja no Iêmen, no Irã, no Sudão, em Israel, no Líbano, na Rússia ou na Ucrânia, devemos ter a capacidade de dialogar. O poder do argumento tem mais impacto do que o poder de uma metralhadora”, opinou o líder petista.
Lula emitiu alertas sobre o recrudescimento do obscurantismo de extrema direita e suas manifestações pelo mundo, inclusive nos Estados Unidos. Provocado a falar sobre as eleições americanas, Lula se posicionou a favor da democracia.
“Sou amante da democracia. Acho que é o melhor sistema de governo que a sociedade construiu no mundo. Somente uma democracia faz com que um torneiro mecânico chegasse à presidência da República por três vezes. Ela permite aos contrários, os antagônicos, uma disputa civilizada na discussão de ideias, sem violência”, argumentou o presidente.
“Acho que Kamala ganhando as eleições, é muito mais seguro para a gente fortalecer a democracia dos Estados Unidos. Muito mais seguro. Nós vimos o que foi o presidente Trump no final do mandato, fazendo aquele ataque contra o Capitólio, uma coisa impensável de acontecer nos EUA, que se apresentava ao mundo como modelo de democracia. E esse modelo ruiu”, concluiu.