20/11/2014 09:11
O Brasil perde hoje não apenas um de seus melhores advogados criminalistas, mas um dos homens que mais lutou pela democracia e pelo estado de direito em nosso país. Em particular, nós perdemos um amigo.
Márcio Thomaz Bastos foi um corajoso defensor da lei e um advogado apaixonado pela ideia de um Brasil melhor. Foi um homem raro e que muito contribuiu para mudar a história do país. Sua atuação como ministro foi fundamental para o combate ao crime e a garantia do cumprimento da Lei.
Compartilhamos este sentimento de perda com sua esposa Maria Leonor de Castro Bastos, sua família, amigos e tantos admiradores que Márcio Thomaz Bastos fez ao longo da vida.
Luiz Inácio Lula da Silva e Marisa Letícia
Fala de Lula durante velório:
O Márcio foi, incansavelmente um lutador na OAB pra que a gente conquistasse o estado pleno nesse país. O Marcio, quando deixou o Ministério, disse pra mim: “Olha, presidente, eu vou parar, porque agora eu quero descansar, quero viver a minha vida”. Eu dizia: “Marcio, você não vai viver a sua vida; você vai trabalhar mais do que você trabalha agora”. E foi exatamente o que aconteceu. Ele não queria parar. E se meteu a viajar pra Nova Iorque agora, já com o troço... ele não deveria ter viajado. Ou seja, era a obrigação dele, era o trabalho dele, era os compromissos dele mais importante do que a saúde dele.
Então, o que eu posso dizer de consolo, a quem perde um ente querido como o Márcio, é que, sabe, eu acho que valeu a pena, valeu a pena a passagem do Márcio aqui na Terra. Valeu a pena o tempo que vocês viveram juntos. Valeu a pena os filhos, valeu a pena os netos. Valeu a pena a gente ter orgulho de ter convivido estes anos. É engraçado porque, no momento muito difícil que a gente passa no Governo, eu nunca vi o Márcio, eu nunca vi o Márcio perder cinco por cento da paciência e do equilíbrio. Ele era sempre um calmante em todas as reuniões que ele fazia e sempre apresentava uma proposta pra solucionar o problema.
De forma que eu quero te dizer que eu não perdi o advogado, eu não perdi um companheiro, eu não perdi um ex-ministro. Eu perdi um irmão. Eu perdi alguém com quem eu conversava quase toda semana, alguém com quem a gente discutia política, alguém com quem a gente discutia o futuro, eu com 69 anos e ele com o pé no 80 discutindo o futuro. É hilariante, isso é verdade, sabe, é amanhã. E o Márcio era essa pessoa. Eu acho que ele foi pego de surpresa. Eu convivendo com o troço, eu falei, “Márcio, tem que tratar, porque o troço, na garganta de alguém, com uma certa idade, é muito perigoso”.
Ele se foi, mas Nôa, se tem uma coisa que você tem que ter é ter orgulho, orgulho do marido que você teve, orgulho do companheiro que você teve. E nós, brasileiros, orgulho do advogado que este país foi capaz de gerar. “Márcio, todos nós te devemos alguma coisa, sobretudo a solidariedade que você prestava a todos nós e a todo momento, sobretudo o amor que você tinha pela democracia. Se Deus te chamou, meu querido, descanse em paz, porque você merece”.