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China e Brasil no combate à pobreza

Tema esteve no centro dos debates durante seminário sobre governança nos dois países e lançamento do livro do líder chinês, Xi Jinping


China e Brasil no combate à pobreza

Foto: Andrea Nestrea 

A poucos dias do G20, que tem a inclusão social como um de seus principais temas, o Rio de Janeiro sediou também, no último dia 12 de novembro, a cerimônia de lançamento da edição em português do livro Superar a Pobreza, do presidente chinês Xi Jinping. Além do lançamento houve um seminário, no qual se debateu a governança da China e do Brasil.


O evento foi organizado pelo Instituto Lula (IL), Gabinete de Informação do Conselho de Estado da China, Grupo de Comunicações Internacionais da China (CICG), pela Embaixada da China no Brasil e pelo Consulado-Geral da China no Rio de Janeiro. Com a participação da Edições em Línguas Estrangeiras, do Centro das Américas do CICG, da Editora do Povo de Fujian e da Contraponto Editora. Mais de 150 autoridades chinesas e brasileiras participaram do evento de lançamento. 


Jinping estará na cidade para participar da 19ª Cúpula de Líderes dos 20 países com as maiores economias do mundo (o G20), entre os dias 18 e 19 de novembro. E realizará uma visita de Estado ao Brasil. 


O secretário-executivo do Departamento de Comunicação do Comitê Central do Partido Comunista chinês, Hu Heping, destacou durante o evento a longa relação de amizade entre  China e o Brasil. "A cooperação e o benefício mútuo refletem a essência humana na modernização chinesa. No livro Superar a Pobreza, o presidente Xi Jinping fala repetidamente sobre a necessidade de alcançar um desenvolvimento melhor com uma postura aberta e inclusiva. A prática da modernização com características chinesas demonstra plenamente que todos os países do mundo podem e devem escolher um caminho moderno que se adapte às suas próprias realidades", destacou o chefe de Estado chinês.


O livro lançado nessa terça-feira (12) tem edições em inglês, francês, espanhol, cirílico-mongol, suaíli, uzbeque e laosiano. E relata as experiências do governo chinês na redução da pobreza e conceitos de desenvolvimento, por meio dos quais busca demonstrar a preocupação do país com o bem-estar do povo e seu espírito de reforma.


A edição em português do livro Superar a Pobreza foi traduzida e publicada em conjunto pela Editora em Línguas Estrangeiras, a Editora do Povo de Fujian e a Contraponto Editora. Cesar Benjamin, editor-chefe da Contraponto destacou a trajetória do líder chinês, Xi Jinping, que "conduziu a China a uma posição de liderança global, já na condição de uma sociedade socialista forte e modernizada".


"A China, poder em ascensão, se move discretamente, mas de forma eficaz. Lembro Confúcio: As forças menores fluem por toda parte, como correntes de rios, enquanto as grandes forças de criação movem-se em silêncio, mas constantemente. Fiquem certos de que cada vez mais pessoas no mundo olham para a China e para a liderança do presidente Xi Jinping cheios de esperança no futuro", concluiu Benjamin.


Os ideais apresentados pela obra de Jinping e as soluções de redução da pobreza resultantes das práticas bem-sucedidas da diminuição da pobreza estão em sintonia com o tema deste ano da Cúpula do G20, Construindo um Mundo Justo e um Planeta Sustentável. É especialmente relevante para o Brasil e para os países da América Latina aprender com a experiência chinesa em ter ajudado mais de 800 milhões de pessoas a superar a pobreza e aplicar esses aprendizados em práticas de redução da pobreza e no desenvolvimento que se adaptem à realidade de cada país.


Foto: Andrea Nestrea 


Segundo noticiou a coluna de Lauro Jardim, no jornal O Globo, durante o evento, o secretário-executivo do Departamento de Comunicação do Comitê Central do Partido Comunista chinês, Hu Heping, anunciou que o presidente da China, Xi Jinping, vai apoiar a bandeira de Lula pelo combate à fome e à miséria no G20. "No próximo encontro da Cúpula de Líderes do G20, a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, proposta pelo Brasil e apoiada ativamente pela China, será oficialmente estabelecida", afirmou Heping.



A presidenta do Instituto Lula, Ivone Silva, falou sobre importância do evento e da atuação dos governos do Brasil e da China para redução da miséria. Recentemente o Instituto Lula foi responsável pelo ciclo de debate "A China no mundo e o Brasil”. Realizados São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador, os debates contribuíram para apresentar um pouco mais sobre a Iniciativa Cinturão e Rota, e celebrar os 50 anos de relações Brasil-China.


Leia também: Relação Brasil-China é boa para o país?

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“Se compararmos as políticas implementadas no Brasil e na China em relação ao combate à fome e à pobreza extrema, vemos dois governantes com muita vontade política nesse sentido. Tanto o presidente Lula, quanto o líder chinês Xi Jinping colocaram como missão central em seus governos pôr fim à pobreza extrema e à fome”, disse a presidenta do Instituto Lula. “E fizeram esse grande feito com políticas públicas, ou seja, o Estado foi o fomentador de ações de combate à fome e à pobreza. No Brasil, a implementação do Bolsa Família e a política de valorização do salário mínimo, desde o primeiro mandato de Lula, fez toda a diferença. Fizemos uma distribuição de renda inédita até então no país.”


Política de Estado

A dirigente lembrou que mais de uma em cada cinco pessoas em 59 países enfrentaram insegurança alimentar aguda em 2023, segundo relatório da ONU. “O número de pessoas ameaçadas pela fome chegou a 281 milhões no ano passado, um recorde”, lamentou Ivone. “Em 2021, após a pandemia, observou-se, também em nível mundial, o aumento da concentração da riqueza, segundo o Relatório da Riqueza Global 2021 do Credit Suisse. Segundo o relatório, 82% da riqueza planetária encontra-se nas mãos da faixa correspondente aos 10% mais ricos da economia do mundo.”


Mas, comparou Ivone, na contramão dessa tendência mundial, a China anunciou, no final de 2020, a erradicação da extrema pobreza em seu território. “A partir de 2013, Xi Jinping liderou o aprimoramento das políticas de redução da extrema pobreza no país, constituindo uma verdadeira força tarefa em todos os níveis de governo, perseguindo a meta de erradicação da extrema pobreza.” 


Em 4 de dezembro de 2020, Jinping afirmou ao jornal China Daily que seu país alcançou sua meta e tirou quase 100 milhões de pessoas da pobreza nos últimos oito anos. “Se somados aos 600 milhões das décadas de 1990 e 2000, a China conquistou um feito histórico ao retirar um contingente equivalente a três vezes a população brasileira da situação de extrema pobreza”, destacou a presidenta do IL. 


Foto: Andrea Nestrea


“No Brasil, tínhamos saído do Mapa da Fome em 2014 e sustentamos a posição até 2018. Entre 2019 e 2022, contudo, vimos o crescimento da pobreza, extrema pobreza e da insegurança alimentar e nutricional. O Brasil voltou ao Mapa da Fome no triênio 2019-2021 e se manteve nele no triênio 2020-2022”, relatou Ivone. “Ou seja, com os governos populares do presidente Lula e da presidenta Dilma, o Brasil venceu a guerra contra a fome. Contudo, após o golpe em 2016 e os governos de Michel Temer e Jair Bolsonaro, o Brasil retornou ao Mapa da Fome.” 


A dirigente destacou que com a volta de Lula a Presidência da República, a edição de 2024 do Relatório das Nações Unidas sobre o Estado da Insegurança Alimentar Mundial (Sofi 2024) mostra que a insegurança alimentar severa caiu 85% no Brasil em 2023. “Desde seu retorno, o governo Lula já retirou 24 milhões de pessoas da miséria.” 


Desafios

Se as políticas públicas feitas pelos dois países deram ótimos resultados, os desafios apresentados agora, para a erradicação da fome e da pobreza no o futuro, são imensos. Ivone ressaltou a criação de emprego e renda de qualidade em um mundo no qual a tecnologia, cada vez mais, ocupa o espaço humano. E, claro, o enfrentamento da crise climática. 


“Essa crise poderá provocar em alguns países a falta de água e alimentos. Assim, talvez apenas a geração de renda e emprego não seja suficiente na luta contra a fome no mundo, pois um cenário de escassez de alimentos pode se tornar realidade.


Para a dirigente, os usos de novas tecnologias, principalmente de novas fontes de energia limpa, serão cruciais no enfrentamento da emergência climática. 


“As novas formas de trabalho e inclusão da população na era tecnológica demandará mudanças na educação e políticas públicas de geração de empregos”, avaliou ela, salientando a importância ainda maior da parceria entre China e Brasil. “Esperamos a cooperação e compartilhamento de tecnologias e políticas públicas para enfrentarmos juntos, Brasil e China, a crise climática e as novas formas de trabalho.” 


Evento

Participaram do lançamento do livro de Xi Jinping, Superar a Pobreza e seminário sobre governança do Brasil e da China, o Secretário Executivo do Departamento de Comunicação do Comitê Central do Partido Comunista da China, Hu Heping; Osmar Júnior, Secretário Executivo do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à FomeMarcio Pochmann, Presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística; Tian Min, Cônsul-Geral em Rio de Janeiro; Evandro Menezes de Carvalho, tradutor de Superar a Pobreza, professor da FGV e diretor da Editora Go East Brasil; Wu Xingzhi, diretor do Departamento de Estratégia de Desenvolvimento do Instituto de Administração de Zhejiang; Ivone Maria da Silva, presidenta do Instituto Lula; Sun Yanping, diretora chinesa do Instituto Confucius da PUC-Rio; Valter Pomar, diretor de Cooperação Internacional da Fundação Perseu Abramo; Huang Yehua, presidente da China National Offshore Oil Corporation no Brasil; César Benjamin, editor-chefe da Contraponto Editora e Henrique Couto da Nóbrega, presidente da Associação de Amizade Brasil-China. 


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